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ESQUERDA E DIREITA NO CHILE
Uma das decisões editoriais recentes mais acertadas deste jornal
foi dar prioridade à cobertura de
temas da América do Sul, região vital para o Brasil, mas historicamente relegada a segundo plano no
jornalismo nacional.
Recentes eleições presidenciais
nos países desta área têm merecido
o envio de jornalistas de bom nível
técnico para o local da ação e espaço e destaque dignos na edição.
Não foi diferente na semana passada com o Chile. O esforço resultou em material de boa qualidade,
que deu ao leitor a possibilidade de
entender com profundidade a razão por que o pleito chileno lhe diz
respeito diretamente, como a boa
análise das relações econômicas
entre as duas nações (dia 10) e o
ótimo balanço do desempenho do
governo Bachelet (dia 12).
Dois erros graves, no entanto,
ocorreram no final da cobertura.
No domingo, a manchete principal
do noticiário internacional trata a
Concertação, coalizão que vem governando o país há 20 anos, como
de "esquerda".
Como se sabe, faz parte desse
grupo (inclusive fornecendo o candidato na cabeça da atual chapa
presidencial, o ex-presidente e filho de ex-presidente Eduardo
Frei) o Partido Democrata-Cristão, que mesmo na geleia geral em
que se transformaram as ideologias não se pode classificar como
"esquerda".
Em textos e artes chamou-se,
mais adequadamente, a Concertação de "centro-esquerda". Mas o
impacto da manchete sobre o leitor não pode ser subestimado; fica
a impressão de que, para o jornal,
Concertação é esquerda.
Na segunda-feira, a manchete
decretou: "Chile tem 1ª vitória da
direita desde 1958", embora a eleição tenha ido para segundo turno,
os candidatos da Concertação ou
dela egressos tenham obtido 55%
dos votos e ela tenha tido mais votos que a Aliança para Mudança
(de direita) nas eleições para a Câmara e o Senado.
PARA LER
"O Longo Adeus a Pinochet", de Ariel Dorfman,
tradução de Rosa Freire D'Aguiar, Companhia
das Letras, 2003 (a partir de R$ 24,90)
PARA VER
"A Morte e a Donzela", de Roman Polanski,
1994 (a partir de R$ 10,36)
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