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O caso do cabeleireiro
A Folha tem publicado várias
notas cifradas. São notícias sem
fonte identificada e sem provas
que apenas insinuam. Algumas
são bobagens, outras beiram a
irresponsabilidade.
O jornal publicou na terça-feira, na coluna de Mônica Bergamo, a nota "Escova", que reproduzo: "Longe dos flashes desde
que a crise do "mensalão" eclodiu, a primeira-dama, Marisa
Letícia, sumiu também de seu
salão preferido: o Studio W, de
Wanderley Nunes, em SP.
Quando conseguia convencer o
cabeleireiro a deixá-la pagar pelos serviços, de até R$ 3.000, a
conta de dona Marisa era quitada com cartão de crédito. Não o
seu".
Quem pagava as despesas da
primeira-dama? Em qualquer
outra ocasião, a informação passaria como uma nota inconseqüente, mas não agora, quando
estão sendo investigados o uso
de caixa dois pelo PT e o uso dos
cartões de crédito corporativos
da Presidência da República.
O jornal publicou, no dia seguinte, o desmentido assinado
por André Singer, secretário de
Imprensa e porta-voz da Presidência da República: "A Secretaria de Imprensa e porta-voz da
Presidência da República desmente categoricamente a informação, leviana, publicada ontem na Folha de que a primeira-dama, Marisa Letícia Lula da Silva, tenha quitado qualquer conta com cartão de crédito de que
não fosse a titular".
Era de esperar que o jornal se
manifestasse. Se a nota estava
correta, deveria reafirmá-la. De
preferência, apontando o dono
do cartão de crédito que pagava
a conta. Se a nota estava realmente errada, o certo era admitir o erro e publicar uma correção. O jornal preferiu o silêncio.
Há um outro problema na nota. Segundo a revista "Quem",
da Editora Globo, a primeira-dama não sumiu do salão. Pelo
menos, é o que informa a nota
"Pit stop" da penúltima edição:
"De passagem por São Paulo, na
quarta-feira, 3, a primeira-dama,
Marisa Letícia Lula da Silva, aproveitou para cuidar do visual. Fez
um pit stop no novo salão de seu
fiel escudeiro Wanderley Nunes, o
W Iguatemi, recém-inaugurado
na capital paulista. Ela chegou
com um buquê de flores para o
amigo e ficou algumas horas no local para fazer hidratação, corte e
cor. Logo na seqüência, voltou para Brasília, que, como todo mundo
sabe, está pegando fogo nas últimas semanas. "Eu não cobro o corte de cabelo de apenas dez pessoas,
e a Marisa é uma delas. Não cobro,
primeiro, porque isso ficará na minha história, e, segundo, porque
somos muito amigos. Eu freqüento a casa dela e ela a minha. Conversamos sobre tudo, menos política", conta Wanderley".
E agora? Sumiu ou não sumiu?
Pagou com cartão de crédito de
outro ou nunca pagou o cabeleireiro? Imagino que a Folha ainda
vá esclarecer esse caso.
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