|
Próximo Texto | Índice
Leitores vêem preconceito; será?
Não reconheço racismo
e preconceito nos dois episódios, mas em um
deles o jornal foi infeliz; como ouvidor gostaria
de conhecer mais opiniões
|
A FÓRMULA 1 revelou
um piloto de 22 anos,
Lewis Hamilton, que já
é fenômeno de mídia. Na segunda, a Folha contou que o
britânico "transformou-se no
primeiro novato a chegar entre os três primeiros nas três
etapas iniciais do Mundial".
Antes lembrou, como fizera
em muitas edições, que o jovem magrinho é "o primeiro
negro a competir na categoria
máxima do automobilismo".
No mesmo dia, o leitor Juan
Antonio Peñaranda escreveu
ao ombudsman: "Acho um absurdo a importância que os senhores dão ao fato de o sr. Lewis Hamilton ser negro. Duvido que, se ele fosse russo ou
chinês ou de qualquer outra
raça, dariam o mesmo destaque. Considero essa atitude
eminentemente racista".
Seguiu-o o leitor Felipe Critis Secol: "Por que ficar falando toda hora [que se trata do
primeiro negro da F-1]? [...]
Parem com isso!"
Na terça, o leitor Marcelo
Alessandro de Souza voltou ao
tema do preconceito, "perplexo" diante do que classificou
como uma "barbaridade".
No desenho que ilustrou o
massacre no qual um estudante matou 32 pessoas nos EUA,
um quadro mostrou -para
Souza- "um negro disparando contra vítimas brancas".
Ele pergunta: "Se o suspeito
era asiático, segundo a reportagem, como podemos admitir uma reconstituição dos fatos [assim]? Pelo visto, a nossa
tragédia social, aquela da discriminação e do preconceito, é
reforçada dia a dia, principalmente entre a classe média".
De fato, mesmo ignorando
que o assassino era coreano,
as notícias já davam conta de
que testemunhas o identificaram como asiático.
O editor de Arte da Folha,
Fábio Marra, discorda do leitor: "O atirador foi desenhado
de costas porque, até aquele
momento, não tínhamos a
confirmação de sua etnia. A
tonalidade mais escura só foi
usada para dar profundidade
ao desenho. A arte não mostra
um negro, é só um desenho
sem cor nem traço definido".
São controvérsias de grande
subjetividade. Não reconheço
racismo e preconceito nos
dois episódios. Em um deles,
contudo, o jornal foi infeliz.
Respeito a opinião divergente dos dois leitores, mas
creio que a Folha acerta em
sublinhar a condição de Hamilton. Ele é o único negro,
em 700 pilotos que já correram em um esporte de elite. É
notícia, há relevo jornalístico.
Sobre a ilustração, concordo com Marcelo de Souza: trata-se de um homem negro (ou
mulato), de pele escura e cabelo crespo, disparando contra pessoas de pele clara. É
uma informação errada.
Como ouvidor, gostaria de
conhecer mais opiniões. A Folha está certa ou errada? O
que você pensa?
Próximo Texto: Divulgação de vídeo e fotos gera debate Índice
Mário Magalhães é o ombudsman da Folha desde 5 de abril de 2007. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Mário Magalhães/ombudsman,
ou pelo fax (011) 3224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br. |
Contatos telefônicos:
ligue 0800 0159000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira. |
|