São Paulo, domingo, 28 de agosto de 2005

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LEITORES

As religiões

Recebi nos últimos dias mensagens de leitores que se queixaram da forma como o jornal tratou as suas religiões.
Arthur Kaufman reclamou de o jornal ter usado "terrorista judeu" e "atentado judeu" na Primeira Página e no título de reportagem do dia 18, "Atentado judeu conturba retirada de Gaza". Ele acha que o correto seria usar "israelense", porque judeu refere-se à religião e não à nacionalidade: "Manchetes como essa servem apenas para provocar animosidade contra os judeus, inclusive contra os judeus brasileiros que, em sua maioria, são totalmente favoráveis ao fim do conflito no Oriente Médio".
O editor-adjunto de Mundo, Marcos Guterman, justifica a escolha da Folha: "O termo "terrorismo judeu" foi usado pelo primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon. Já "terrorismo israelense" poderia confundir a questão, pois não há apenas judeus como cidadãos de Israel. Além disso, um dos principais motivos do atentado foi, sim, a religião, porque a "Grande Israel" que os colonos judeus defendem é a Israel bíblica, muito maior do que o país designado pela Partilha da Palestina, em 1947".
Dois leitores reclamaram da reportagem "Promotoria acusa Universal de demolir casarões que seriam tombados", no dia 24, em Cotidiano. Um dos textos se refere a um templo da Igreja Universal em Belo Horizonte como "shopping da fé". Os leitores consideraram o termo desrespeitoso.
Júlio Veríssimo, coordenador da Agência Folha, não viu preconceito: "O uso do termo "shopping da fé" foi feito com o objetivo apenas de falar sobre os espaços que as religiões criam próximos a seus templos para comercializar objetos religiosos. Esse termo já foi usado pela Folha em situações similares desde 1994 para as mais diversas igrejas, inclusive a Católica -para exemplificar, os quiosques ao lado da Basílica de Aparecida. Não houve nenhuma intenção de atacar ou desmerecer as atividades dos evangélicos".
E, por fim, o leitor Anderson da Silva Neves reclamou do tratamento que o jornal deu à religião Wicca na reportagem "Para os raelianos, ETs criaram a Terra", no dia 14, em Mundo. O leitor se sentiu ofendido com esse trecho: "Com referências a divindades celtas e associada à feitiçaria, a Wicca ofende muitos porque parte de seus seguidores fazem cerimônias nus ao ar livre". Discorda ainda da informação de que a Wicca foi criada por Gerald Gardner há 50 anos. "Somos uma religião nascida em berço celta" e que "antecede em séculos o cristianismo".
Para o editor de Mundo, Vinicius Mota, não houve desrespeito: "A reportagem toma a cautela de dizer que parte dos adeptos (e não todos) da Wicca fazem cerimônias nus ao ar livre. Toma a cautela de dizer que "a Wicca rejeita a classificação de seita satânica feita por alguns críticos'". Quanto à origem da religião, a reportagem seguiu os historiadores.
Estou de acordo com o jornal no primeiro caso. Nos outros, acho que deveria ter havido mais cuidado. No caso da Universal, "shopping da fé" não se referia ao comércio próximo do templo, mas ao próprio templo, o que é um erro.


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