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LEITORES
As religiões
Recebi nos últimos dias
mensagens de leitores que se
queixaram da forma como o
jornal tratou as suas religiões.
Arthur Kaufman reclamou
de o jornal ter usado "terrorista judeu" e "atentado judeu"
na Primeira Página e no título
de reportagem do dia 18,
"Atentado judeu conturba retirada de Gaza". Ele acha que o
correto seria usar "israelense",
porque judeu refere-se à religião e não à nacionalidade:
"Manchetes como essa servem
apenas para provocar animosidade contra os judeus, inclusive contra os judeus brasileiros que, em sua maioria, são
totalmente favoráveis ao fim
do conflito no Oriente Médio".
O editor-adjunto de Mundo,
Marcos Guterman, justifica a
escolha da Folha: "O termo
"terrorismo judeu" foi usado
pelo primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon. Já "terrorismo israelense" poderia confundir a questão, pois não há
apenas judeus como cidadãos
de Israel. Além disso, um dos
principais motivos do atentado foi, sim, a religião, porque a
"Grande Israel" que os colonos
judeus defendem é a Israel bíblica, muito maior do que o
país designado pela Partilha da
Palestina, em 1947".
Dois leitores reclamaram da
reportagem "Promotoria acusa Universal de demolir casarões que seriam tombados",
no dia 24, em Cotidiano. Um
dos textos se refere a um templo da Igreja Universal em Belo Horizonte como "shopping
da fé". Os leitores consideraram o termo desrespeitoso.
Júlio Veríssimo, coordenador da Agência Folha, não viu
preconceito: "O uso do termo
"shopping da fé" foi feito com o
objetivo apenas de falar sobre
os espaços que as religiões
criam próximos a seus templos para comercializar objetos religiosos. Esse termo já foi
usado pela Folha em situações
similares desde 1994 para as
mais diversas igrejas, inclusive
a Católica -para exemplificar, os quiosques ao lado da
Basílica de Aparecida. Não
houve nenhuma intenção de
atacar ou desmerecer as atividades dos evangélicos".
E, por fim, o leitor Anderson
da Silva Neves reclamou do
tratamento que o jornal deu à
religião Wicca na reportagem
"Para os raelianos, ETs criaram a Terra", no dia 14, em
Mundo. O leitor se sentiu
ofendido com esse trecho:
"Com referências a divindades
celtas e associada à feitiçaria, a
Wicca ofende muitos porque
parte de seus seguidores fazem
cerimônias nus ao ar livre".
Discorda ainda da informação
de que a Wicca foi criada por
Gerald Gardner há 50 anos.
"Somos uma religião nascida
em berço celta" e que "antecede em séculos o cristianismo".
Para o editor de Mundo, Vinicius Mota, não houve desrespeito: "A reportagem toma
a cautela de dizer que parte dos
adeptos (e não todos) da Wicca fazem cerimônias nus ao ar
livre. Toma a cautela de dizer
que "a Wicca rejeita a classificação de seita satânica feita por
alguns críticos'". Quanto à origem da religião, a reportagem
seguiu os historiadores.
Estou de acordo com o jornal no primeiro caso. Nos outros, acho que deveria ter havido mais cuidado. No caso da
Universal, "shopping da fé"
não se referia ao comércio próximo do templo, mas ao próprio templo, o que é um erro.
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