São Paulo, domingo, 28 de agosto de 2005

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O Brasil no atoleiro

O Exército comemorou o 25 de agosto, Dia do Soldado, com um anúncio em que lembrou a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial e, agora, na força de paz da ONU no Haiti: "No passado, heróicos pracinhas. Hoje, valorosos capacetes azuis honram o legado de Caxias ao levar a paz do Brasil para o mundo".
A situação das forças brasileiras no Haiti não é tranqüila como faz crer o anúncio. A imprensa vem dando sinais de que o problema por lá se agrava e há um questionamento sério sobre o comando brasileiro da missão da ONU.
A Folha deu a devida atenção quando houve o envio das tropas, em 2004. Mas, agora que a violência se dissemina e o Brasil é responsabilizado por parte dos erros cometidos naquele país, a cobertura é irregular, salvo uma ou outra reportagem, como a publicada em 12 de junho ("Apesar da ONU, Haiti vira "terra de ninguém'").
A Folha publicou dois editoriais recentes com o mesmo título, "O Brasil no Haiti", e as mesmas advertências: "A missão brasileira no Haiti completa um ano neste mês em meio a crescentes sinais de fracasso" (14 de junho) e "O Haiti já está se tornando um atoleiro para o Brasil" (anteontem).
O jornal deve a seus leitores uma grande reportagem sobre o que está ocorrendo naquele país. Reescrevo a observação que fiz na Crítica Interna de 6 de junho: "A cobertura está parecendo uma repetição, em escala tupiniquim, do que ocorreu com a mídia dos EUA na Guerra do Iraque: um primeiro momento de patriotada [extensas e orgulhosas coberturas dos embarques de tropas para o Haiti] e, depois, o acompanhamento acrítico. A próxima fase, se bem avalio, será a da crítica violenta à participação brasileira. O leitor, como sempre, não vai entender como o país passa de uma hora para outra de herói a vilão".
Sei que a prioridade do jornal é a crise interna, mas a verdadeira história da participação do Brasil na missão da ONU no Haiti precisa ser escrita com urgência.


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