|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O Brasil no atoleiro
O Exército comemorou o 25 de
agosto, Dia do Soldado, com um
anúncio em que lembrou a participação do Brasil na Segunda
Guerra Mundial e, agora, na força
de paz da ONU no Haiti: "No passado, heróicos pracinhas. Hoje,
valorosos capacetes azuis honram
o legado de Caxias ao levar a paz
do Brasil para o mundo".
A situação das forças brasileiras
no Haiti não é tranqüila como faz
crer o anúncio. A imprensa vem
dando sinais de que o problema
por lá se agrava e há um questionamento sério sobre o comando
brasileiro da missão da ONU.
A Folha deu a devida atenção
quando houve o envio das tropas,
em 2004. Mas, agora que a violência se dissemina e o Brasil é responsabilizado por parte dos erros
cometidos naquele país, a cobertura é irregular, salvo uma ou outra reportagem, como a publicada
em 12 de junho ("Apesar da ONU,
Haiti vira "terra de ninguém'").
A Folha publicou dois editoriais
recentes com o mesmo título, "O
Brasil no Haiti", e as mesmas advertências: "A missão brasileira
no Haiti completa um ano neste
mês em meio a crescentes sinais
de fracasso" (14 de junho) e "O
Haiti já está se tornando um atoleiro para o Brasil" (anteontem).
O jornal deve a seus leitores
uma grande reportagem sobre o
que está ocorrendo naquele país.
Reescrevo a observação que fiz na
Crítica Interna de 6 de junho: "A
cobertura está parecendo uma repetição, em escala tupiniquim, do
que ocorreu com a mídia dos
EUA na Guerra do Iraque: um
primeiro momento de patriotada
[extensas e orgulhosas coberturas
dos embarques de tropas para o
Haiti] e, depois, o acompanhamento acrítico. A próxima fase, se
bem avalio, será a da crítica violenta à participação brasileira. O
leitor, como sempre, não vai entender como o país passa de uma
hora para outra de herói a vilão".
Sei que a prioridade do jornal é
a crise interna, mas a verdadeira
história da participação do Brasil
na missão da ONU no Haiti precisa ser escrita com urgência.
Texto Anterior: Dona Vitória Próximo Texto: Leitores: As religiões Índice
Marcelo Beraba é o ombudsman da Folha desde 5 de abril de 2004. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Marcelo Beraba/ombudsman,
ou pelo fax (011) 3224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br. |
Contatos telefônicos:
ligue (0800) 15-9000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira. |
|