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Encruzilhada europeia

Os franceses vão às urnas amanhã, no segundo turno da eleição presidencial, para confirmar o voto de protesto, há duas semanas, contra a situação econômica europeia e as respostas oferecidas até aqui para tentar aplacar a crise.

O socialista François Hollande ainda é o favorito. Pesquisas apontam uma vantagem de seis a dez pontos percentuais do candidato de oposição sobre o presidente Nicolas Sarkozy (centro-direita).

A distância entre eles diminuiu desde as primeiras sondagens logo após o primeiro turno, mas o balanço das duas últimas semanas ainda parece desfavorável ao atual presidente.

Sarkozy lançou mão de uma campanha populista, com recurso ao fantasma da islamização da França, mas nem por isso recebeu apoio da candidata Marine Le Pen, popular no eleitorado mais à direita. A líder da Frente Nacional, que obteve 17,9% no primeiro turno, anunciou que votaria em branco.

O candidato centrista, François Bayrou, que conquistou 9,1% há dois domingos, indicou apoio a Hollande, que já contava com os votos da extrema esquerda. A adesão seria resultado da guinada xenófoba de Sarkozy.

Na Grécia, que também vai às urnas amanhã, a insatisfação é ainda maior do que a manifestada pelos franceses. No país mais afetado até aqui pela crise europeia, os eleitores devem reagir a cinco anos de recessão e 22% de desemprego varrendo do poder os dois principais partidos gregos, que obtiveram juntos quase 90% dos votos na eleição anterior, em 2009.

As pesquisas lhes conferem agora no máximo 40% das intenções de voto. A fragmentação do Parlamento tornará ainda mais incerto o futuro do país, que precisa cumprir acordos draconianos para contar com ajuda financeira externa, sem a qual não poderá continuar financiando sua dívida.

Nos dois casos, França e Grécia, estará em xeque nas urnas a política de austeridade ditada pela Alemanha, que para muitos tem agravado a crise econômica. A tentativa de aprovar um plano de corte de gastos já levou à queda do primeiro-ministro holandês, há dez dias.

Aliada à onda de insatisfação em todo o continente, é provável que a vitória de Hollande no segundo país mais importante da zona do euro conduza a mudanças nos rumos da política econômica da Europa.

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