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O oráculo grego

Nova eleição na Grécia definirá melhor risco de país deixar a zona do euro; outro fracasso em formar governo pode tumultuar mercados

Os cidadãos gregos voltarão às urnas amanhã para tentar desatar o nó político criado há um mês.

Na primeira tentativa de formar um novo governo majoritário no país, em maio, os eleitores manifestaram clara recusa às medidas de austeridade que têm agravado a crise econômica do país.

As urnas puniram os dois principais partidos gregos, Nova Democracia (conservador) e Pasok (centro-esquerda), e alçaram o Syriza (Coalizão da Esquerda Radical), que se opõe aos acordos já assinados pelo país com a União Europeia, o Banco Central Europeu e o FMI. A dispersão de votos impediu a formação de uma coalizão capaz de estabelecer um governo e indicar novo primeiro-ministro.

Com uma economia que já encolheu quase 20% desde 2010, a Grécia é incapaz de gerar os recursos necessários para cumprir seus compromissos externos. Precisa de dinheiro novo, injetado pela Europa, até para pagar o funcionalismo público. Se o impasse político se repetir, ou se o Syriza for eleito e cumprir a promessa de rever o acordo, o país pode deixar de receber ajuda e ficar insolvente. A saída do euro seria o passo seguinte.

Do ponto de vista político, pouca coisa mudou desde o mês passado. Sondagens indicam uma pequena vantagem do Nova Democracia sobre o Syriza. Nenhum partido, contudo, teria condições de indicar o premiê. Uma nova rodada de negociações -ou até de eleições- parece tão inevitável quanto é incerto o seu resultado.

O que mudou foi a situação da economia europeia, e para pior. Há alguns meses, especulava-se que a zona do euro poderia se dar ao luxo de deixar a Grécia abandonar a moeda única, mantendo a estabilidade no restante da região.

Não é mais esse o caso. As consequências podem ser catastróficas para o fragilizado sistema bancário europeu e para a capacidade de outros países, como a Espanha, contraírem novos empréstimos.

Não à toa, autoridades europeias já acenam a um novo governo grego com a possibilidade de renegociação dos juros e dos prazos da dívida e até de investimentos diretos no país. Prefeririam negociar novos termos com o conservador Nova Democracia, mas arriscam ter de fazê-lo com o Syriza.

O garrote da austeridade poderá ser afrouxado. Para que isso aconteça, concessões serão necessárias dos dois lados. Tanto o novo governo grego quanto as autoridades europeias tentarão dar a impressão de que não abriram mão de princípios. Uma dança política delicada, que precisará acelerar os passos, sob risco de a crise econômico-financeira fugir do controle.

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