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Procuram-se vagas

Continuam a chamar a atenção as acusações contra Hussein Aref Saab, responsável, de 2005 a abril deste ano, pela aprovação de empreendimentos imobiliários de médio e grande porte em São Paulo.

Como revelou esta Folha, o ex-diretor do órgão municipal conhecido pela sugestiva sigla Aprov beneficiou-se como poucos do boom da construção civil que se verificou nos últimos anos no país. Basta dizer que no período de sua gestão adquiriu pelo menos 106 imóveis, com o valor aproximado de R$ 50 milhões -um prodígio, quando se sabe que seus rendimentos mensais declarados eram de R$ 20 mil.

O ex-diretor também foi acusado de pedir R$ 170 mil para legalizar um hotel no bairro de Moema.

Agora, uma ex-diretora financeira da BGE, empresa do grupo Brookfield, afirma que a companhia desembolsou R$ 1,6 milhão em propinas com o intuito de liberar obras irregulares nos shoppings Pátio Higienópolis e Paulista.

No primeiro caso, entre outros problemas, o estabelecimento começou a funcionar com 470 vagas de estacionamento a menos do que o exigido pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). A falta teria sido maquiada com um contrato falso de aluguel de vagas para atender à exigência.

Ontem, o shopping foi multado em R$ 1,5 milhão e ganhou 15 dias para regularizar a situação.

Segundo a ex-diretora da empresa administradora do Pátio Higienópolis, foram pagos R$ 133 mil para que a irregularidade fosse ignorada. E, mais uma vez, Aref Saab seria o beneficiário, desta vez ao lado do vereador Aurélio Miguel (PR-SP). Ambos rechaçam as acusações -e a Brookfield diz não compactuar com irregularidades.

Por sua vez, o Secovi, sindicato que reúne os principais grupos do setor imobiliário paulista, manifestou "extrema surpresa" e "estarrecimento" diante das suspeitas.

É certo que as denúncias precisam ser apuradas -e, até prova em contrário, todos são inocentes.

Infelizmente, contudo, a sensação disseminada pela sociedade é de que a corrupção tornou-se uma instituição nacional e já não estarrece ninguém. Com efeito, de tão evidente, já não é sequer um segredo de polichinelo o funcionamento de máquinas de enriquecimento ilícito nos diversos níveis de governo -da paroquial fiscalização do comércio municipal aos desvios urdidos na Esplanada dos Ministérios.

Para enfrentar essa situação, não basta combater os maus servidores e seus esquemas. É preciso também identificar e punir os corruptores, ainda que se apresentem muitas vezes como simples vítimas de achaques e extorsões.

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