|
Próximo Texto | Índice
BANCO SEM POVO
A idéia é boa, funcionou em países
tão distintos quanto Itália e Bangladesh. Mas o Banco do Povo, no Brasil, ainda é incipiente. Trata-se de
criar linhas de "microcrédito": operações de pouco valor, em geral sem
exigência de garantia, ligados a organizações comunitárias, com juros
baixos. A experiência internacional
sugere que se trata de meio adicional
de distribuição de renda e combate à
pobreza. No limite, de disseminação
de atitudes empreendedoras. E, em
geral, com baixa inadimplência.
No Brasil, um decreto presidencial
qualificou ONGs para atuar como
sociedades de financiamento a microempreendedores, sob controle do
Banco Central. Mas, dos R$ 150 milhões disponíveis para empréstimos
no BNDES, só R$ 16,3 milhões foram emprestados, ou 10,8% dos recursos repassados pelo FAT (Fundo
de Amparo ao Trabalhador).
Na campanha da reeleição, o presidente FHC prometeu 860 mil operações anuais na modalidade de microcrédito. A julgar pela experiência nos
três anos desde que foi lançado, será
apenas mais uma promessa. Nenhum governo estadual ou prefeitura
fechou contratos com o BNDES.
O problema não é só do governo federal. O Banco do Povo, iniciativa
análoga que foi patrocinada pelo governo paulista, liberou menos de
20% dos recursos disponíveis.
Há dificuldades no treinamento
dos agentes que vão conceder os recursos. Há queixas de burocratização
excessiva e ausência de uma cultura
de crédito no país. Do lado da demanda, falta informação e às vezes
até disposição de correr algum risco.
Afinal, o microcrédito não deve ser
entendido como assistencialismo,
mas como estímulo ao empreendedorismo -atitude que também poderia ser mais difundida no país.
Os obstáculos estão portanto na
oferta e na demanda por esse tipo de
programa. É mais um exemplo de
política social para a qual o que falta
não é verba, mas qualidade no atendimento e organização entre os que
mais precisam dos recursos.
Próximo Texto: Editorial: FANTASMAS SEM RECEITA Índice
|