São Paulo, Sábado, 01 de Janeiro de 2000


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Japão, ano 2000

FERNANDO RODRIGUES

Tóquio - Saudações do futuro.
Não porque o Japão esteja 11 horas à frente do horário de Brasília. Mas, se há um país que pode ter sua imagem associada à modernidade e ao futuro, esse lugar é o Japão.
Cheio de problemas, com a economia capenga há uma década, uma dívida pública nos cornos da Lua (114% do PIB!), o Japão não demonstra nada disso para quem anda pelas ruas de Tóquio. Muito pelo contrário.
Na quinta-feira à tarde, estive em Shibuya, um dos pontos mais movimentados de Tóquio. Numa das esquinas, uma barraquinha abrigava alguns vendedores.
Não ofereciam rapadura nessa tendinha da calçada de Shibuya (embora ali perto alguém vendesse amendoins). O produto à venda para os transeuntes eram os iBooks da Apple, essa maravilha de laptop colorido. Ao vê-los, é difícil não querer possuí-los. Resisti bravamente, pois os preços no Japão são impeditivos, exceto, é claro, para os japoneses.
Ontem, voltei a Shibuya. A barraquinha tinha sido trocada. No seu lugar havia um pequeno palanque. E uma daquelas televisões gigantes, hoje comuns no Brasil. A praça ficou com quatro desses telões.
O palanque era para um pequeno show à meia-noite e para a contagem regressiva da chegada do ano 2000.
De noite, cerca de 10 mil pessoas estiveram em Shibuya. Não eram muitos. Os japoneses preferem ir aos templos e santuários nesta época.
Ainda assim, era uma massa grande de gente. Metrô, trens, ônibus e táxis rodaram a noite toda. Ainda bem, pois tive de voltar para o hotel para escrever este artigo por volta das 3h da madrugada, já no ano 2000 (mas ainda 16h do dia 31 no Brasil).
Enquanto em Shibuya os toquiotas comemoravam a chegada do ano 2000, o primeiro-ministro Keizo Obuchi trabalhava. Esperou até 0h50 da manhã para dizer, na TV, que o tal bug não tinha causado problemas.
É um país diferente o Japão. Pode até estar em crise. Mas o futuro, aqui, já chegou faz tempo.


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