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Japão, ano 2000
FERNANDO RODRIGUES
Tóquio - Saudações do futuro.
Não porque o Japão esteja 11 horas à
frente do horário de Brasília. Mas, se
há um país que pode ter sua imagem
associada à modernidade e ao futuro,
esse lugar é o Japão.
Cheio de problemas, com a economia capenga há uma década, uma dívida pública nos cornos da Lua (114%
do PIB!), o Japão não demonstra nada
disso para quem anda pelas ruas de
Tóquio. Muito pelo contrário.
Na quinta-feira à tarde, estive em
Shibuya, um dos pontos mais movimentados de Tóquio. Numa das esquinas, uma barraquinha abrigava
alguns vendedores.
Não ofereciam rapadura nessa tendinha da calçada de Shibuya (embora
ali perto alguém vendesse amendoins). O produto à venda para os
transeuntes eram os iBooks da Apple,
essa maravilha de laptop colorido. Ao
vê-los, é difícil não querer possuí-los.
Resisti bravamente, pois os preços no
Japão são impeditivos, exceto, é claro,
para os japoneses.
Ontem, voltei a Shibuya. A barraquinha tinha sido trocada. No seu lugar havia um pequeno palanque. E
uma daquelas televisões gigantes, hoje
comuns no Brasil. A praça ficou com
quatro desses telões.
O palanque era para um pequeno
show à meia-noite e para a contagem
regressiva da chegada do ano 2000.
De noite, cerca de 10 mil pessoas estiveram em Shibuya. Não eram muitos.
Os japoneses preferem ir aos templos e
santuários nesta época.
Ainda assim, era uma massa grande
de gente. Metrô, trens, ônibus e táxis
rodaram a noite toda. Ainda bem,
pois tive de voltar para o hotel para escrever este artigo por volta das 3h da
madrugada, já no ano 2000 (mas ainda 16h do dia 31 no Brasil).
Enquanto em Shibuya os toquiotas
comemoravam a chegada do ano
2000, o primeiro-ministro Keizo Obuchi trabalhava. Esperou até 0h50 da
manhã para dizer, na TV, que o tal
bug não tinha causado problemas.
É um país diferente o Japão. Pode
até estar em crise. Mas o futuro, aqui,
já chegou faz tempo.
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