São Paulo, terça-feira, 01 de janeiro de 2002

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A NOTA DE MARTA

A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, recuperou-se razoavelmente aos olhos dos cidadãos da capital. De acordo com a pesquisa do Datafolha publicada hoje, a administração da petista, que completa um ano de mandato, é considerada ótima ou boa por 28% dos entrevistados. Há quatro meses, sua aprovação era de 20%. A performance de Marta é ligeiramente superior à de Paulo Maluf e bem melhor que a de Celso Pitta quando esses dois ex-prefeitos completavam um ano de mandato.
Ainda assim, a prefeita de São Paulo é a última colocada na avaliação dos governantes de nove capitais brasileiras avaliadas pelo Datafolha. A nota média que lhe conferem os paulistanos é de 4,8. Por esse conceito, Marta também é a única "reprovada", pois o oitavo colocado, Cesar Maia (RJ), obteve nota 5,2.
O resultado parece coerente com o que foram os primeiros 365 dias de administração petista em São Paulo. Ou seja: nem um desastre absoluto nem um êxito arrebatador. Foi um governo mediano que, premido pela escassez de recursos, alternou momentos mais ou menos bons com outros mais ou menos ruins.
Com o final melancólico dos oito anos de administração de Maluf e, depois, Pitta, Marta Suplicy ascendeu com o mote de realizar o "governo da reconstrução". O choque de realidade ao deparar com os cofres magros da municipalidade e seus imensos passivos frustrou as grandes ambições. A popularidade da prefeita logo despencou. Uma fraca e hesitante condução política em setores como limpeza urbana e transporte público -bem como o hábito da prefeita de lamuriar-se pela falta de condições administrativas- contribuiu para solapar a confiança no governo.
Alguma retomada de programas sociais, a volta de discussões propriamente urbanísticas sobre São Paulo, a implantação do IPTU progressivo e o lento reconstruir do sistema municipal de saúde são notas mais positivas. Mesmo assim, muito pouco foi feito em relação ao que a cidade precisa. Tendo vencido todas as suas principais batalhas na Câmara, por meio de algumas manobras que contrastam com o discurso do PT, Marta Suplicy não terá desculpas para a falta de ação em 2002.


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