São Paulo, terça-feira, 01 de janeiro de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Chuvas no Rio
"Fiquei muito surpreso com a coluna de Janio de Freitas do dia 27/12. Ela suscita inúmeros reparos inclusive factuais. Em primeiro lugar, o projeto Favela-Bairro foi concebido, iniciado e em boa parte executado no primeiro governo do prefeito Cesar Maia. Em segundo lugar, não é verdade que o programa, continuado pelo seu sucessor, tenha sido interrompido no atual governo. No momento o Favela-Bairro está sendo executado, pela Secretaria Municipal de Habitação, em diversas favelas de 14 bairros distintos, além de outros projetos como os mutirões remunerados de reflorestamento, o Projeto Bairrinho, o Morar Legal, as Grandes Favelas, o Morar sem Risco e o Novas Alternativas. Em terceiro lugar, o raciocínio que ele me atribui não é fiel ao que tenho exposto sobre certas limitações do Favela-Bairro. Os riscos de essas intervenções suscitarem novos processos de favelização, acima das áreas recém-urbanizadas, são reais, mas apontam não para o fim do projeto, mas para o seu aperfeiçoamento. O Favela-Bairro é um hardware que precisa de um software. Deve estar acoplado a projetos de geração de renda, criação de normas urbanísticas especiais para favelas, titulação, pactos de autolimitação do crescimento, implantação de limites físicos que expressem esses pactos e fortalecimento do controle ambiental. As recentes chuvas, fortíssimas, resultaram em pouquíssimos casos de desabamento em favelas dentro da cidade do Rio de Janeiro, graças a todo esse trabalho e, inclusive, aos mutirões de reflorestamento que desenvolvi quando secretário de meio ambiente. Também as referências ao projeto da área portuária e ao porta-aviões Minas Gerais não estão corretas. A coluna, do qual sou leitor fiel, nessa quinta-feira não estava nos seus melhores dias, mas o Janio, sabemos, dificilmente dará o braço a torcer."
Alfredo Sirkis, secretário de Urbanismo do Município do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, RJ)

Resposta do jornalista Janio de Freitas
- Por falar em torcer, Sirkis não precisava confundir os programas citados, admitindo-se que alguns tenham saído do papel, com os projetos do abandonado Favela-Bairro. A ação da prefeitura limita-se à pequena maquiagem de algumas partes mais expostas das favelas mais expostas. Também quanto à farra financeira com a compra do Minas Gerais e com o velho cais do porto, nota-se que a carta nem tenta retificar. Suas declarações citadas estão impressas.

"Como carioca, assino embaixo o artigo de 27/12, de Janio de Freitas, sobre a atual Prefeitura do Rio. Sou assistente social e testemunha da grandiosidade do programa Favela-Bairro, que é reconhecido no mundo todo como um projeto inovador e competente, e que foi interrompido pelo prefeito Cesar Maia por motivo nenhum, somente por picuinhas políticas. Além disso, ele paralisou todas as obras já começadas, afundou a saúde do município e deixou as ruas se encherem de camelôs. Os projetos dele para o futuro, como o autor do artigo bem mencionou, são risíveis e indignos da imagem de administrador competente que ele cultivou com carinho. Meus parabéns, Janio, pela explanação clara dos fatos."
Vitória Marques (Rio de Janeiro, RJ)

Presente natalino
"É muito oportuno ver um artigo do deputado federal Tilden Santiago (PT-MG), publicado no dia 26/12, em "Tendências/Debates", pois há um tempo parecia que esta Folha estava enfeitiçada com uma sereia pefelê que emerge ungida das bandas do Nordeste. Foi um bom presente natalino."
Attico Chassot (Porto Alegre, RS)

Frei Betto
"Após tecer rasgados elogios ao livro do brasilianista Kenneth P. Serbin, que trata das relações da Igreja Católica com as Forças Armadas durante o regime militar (Brasil, pág. A6, 22/12), Frei Betto questiona a omissão de nossas universidades e pesquisadores a esse respeito. A medalha, porém, tem duas faces. Existe uma imensa lacuna na história contemporânea do Brasil sobre as origens, a organização e os sombrios objetivos da guerrilha comunista, seus próceres e militantes e as atrocidades que cometeram. Os laços entre os frades dominicanos, nos anos 60, e os terroristas da Ação Libertadora Nacional, marxista-leninista, fazem crer que a simpatia de Frei Betto pelos ideais antiamericanos de Bin Laden tem raízes antigas e discretamente encobertas pelo tempo."
Celso Luiz P. Mendes (São Paulo, SP)

Congresso
"Quero cumprimentar Fábio Konder Comparato pelo artigo "A quem serve o congresso nacional?" (Opinião, pág. A3, 22/12), tão oportuno e alarmante, pois desnuda de forma magistral e rica em elementos históricos irrefutáveis a vergonha nacional que representa aquela Casa, tão imersa nos mais diversos tipos de escândalos e vergonhas. Digo alarmante, pois estamos vivendo em vésperas de eleições onde tudo vale, até mesmo entregar o ouro ao bandido, prática que vem se tornando uma constante em nossa malfadada classe política, gulosa por mais e mais poder."
Rinaldo Coelho (Rio de Janeiro, RJ)

Pedágios
""Concessionárias fecham cerco a rota de fuga". Será que são assaltantes fugindo? Será que estão roubando o dinheiro de alguém? Por que tenho que pagar o seguro obrigatório se já tenho um seguro muito mais abrangente com prêmios muito maiores? Eu, particularmente, acho que as estradas com pedágios são melhores e mais seguras, porém, existem pessoas que não acham, e isso precisa ser respeitado, assim como a questão do seguro obrigatório. Eu não quero pagar o seguro obrigatório, e qual seria minha opção? Enfiar a mão no bolso e lhes dar o meu dinheiro?"
Mario Nelson Brigido (Campinas, SP)

Abandono
"O governo FHC vem se caracterizando pela carência de obras significativas -grandes, de impacto, de consistência, importantes para um bom programa de desenvolvimento. Um significativo exemplo da falta de melhor atenção, na escala necessária, com infra-estrutura, planejamento e execução, é a paralisação de trabalhos profundos, sérios e duradouros na transposição do rio São Francisco, ou dos rios Araguaia e Tocantins."
José de Jesus Moraes Rêgo (Brasília, DF)

Violência
"É lamentável a situação da cidade de Florianópolis, dominada pelo medo devido à forte atuação do narcotráfico, com a população dos morros nas mãos dos bandidos, a imprensa omissa, barrada em parte pelo governo local, que insiste no slogan "A ilha da magia". E a polícia! A seu respeito pouco podemos falar, vive escondida nos quartéis e delegacias com medo dos traficantes."
Roberto Moura Brito (Florianópolis, SC)


Boas-festas

A Folha agradece e retribui os votos de boas-festas recebidos de: Jandira Feghali, deputada federal, PCdoB/RJ (Brasília, DF); Salvador Khuriyeh, deputado estadual (São Paulo, SP); Samis da Silva, prefeito e Cláudio Rorato, vice-prefeito de Foz do Iguaçu (Foz do Iguaçu, PR); Luiz Carlos Bezerra, superintendente de Comunicação Social da Cosipa (Cubatão, SP); Flávia Francisca Lucas, Shell; Ansa (São Paulo, SP); Sonia Pegado Vidigal (São Paulo, SP); Luiz Lopes Advogados Associados (Santos, SP); Antonio Rochael (Iguape, SP); Luiz Antonio Alves (Caxias do Sul, RS)


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