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RECORDE FUNESTO
A polícia do Estado de São
Paulo bateu mais um funesto
recorde. No ano passado, 610 civis
morreram em confronto com policiais civis e militares, o maior número desde que as estatísticas começaram a ser produzidas, em 1996. Em
relação a 2001, houve um aumento
de 32,8% nos óbitos, segundo dados
oficiais da Secretaria da Segurança
Pública de São Paulo.
Também é sintomático que menos
civis tenham saído feridos dos enfrentamentos. Em 2002, eles foram
420, contra 459 no ano anterior. Isso
significa que a polícia também está
se tornando mais letal.
Os números paulistas são elevadíssimos sob qualquer ângulo que se
analise. Para efeitos de comparação,
as instituições policiais dos EUA,
juntas, mataram 297 civis ao longo
de 2000. Nesse mesmo ano, a polícia
paulista matou praticamente o dobro: 595. O detalhe é que a população
dos EUA é sete vezes maior do que a
de São Paulo.
Como sempre ocorre nessas situações, a polícia tenta justificar o crescimento dos homicídios afirmando
que ele é o resultado da eficiente resposta da corporação à crescente sofisticação dos bandidos. Estes estariam perpetrando ações cada vez
mais audaciosas e usando armamento cada vez mais pesado. Nesse caso,
segundo especialistas, a taxa de policiais mortos deveria ter subido. Não
foi o que ocorreu. Em 2002, o número (59) ficou praticamente estável em
relação a 2001 (58).
Existe um fator externo que pode
ter tido alguma influência sobre os
números. E é um elemento até certo
ponto surpreendente: a eleição para
o governo do Estado. Os três principais concorrentes reforçaram em
seus espaços na TV e no rádio a idéia,
infelizmente cada vez mais popular,
de que "bandido bom é bandido
morto". O policial, que já tende a
concordar com esse tipo de abordagem, pode ter equivocadamente interpretado o tom da campanha como uma licença para matar. Infelizmente, boa parte dos policiais parece
ainda não ter aprendido a diferença
entre eficiência e violência.
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