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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Agricultura, emprego e desenvolvimento
A Organização Internacional
do Trabalho (OIT) revelou existir
cerca de 180 milhões de pessoas totalmente desempregadas no mundo. O
crescimento americano vem sendo
feito sem expansão do emprego. Na
Europa, o desemprego se mantém alto
-cerca de 9%. Em São Paulo, 20% estiveram desempregados em 2003.
Dentre as inúmeras causas do problema, há duas que saltam aos olhos.
A primeira diz respeito ao fantástico
aumento de produtividade conseguido em decorrência da introdução de
tecnologias modernas, que permitem
produzir mais com menos trabalho. A
segunda, exacerbada no Brasil, se refere à redução dos investimentos produtivos em favor das aplicações especulativas.
Os dois fenômenos estão em franco
andamento entre nós. Mas, enquanto
a modernização tecnológica é inexorável, a especulação é dispensável.
Basta oferecer alternativas produtivas
mais atraentes do que as especulativas.
Onde estão essas alternativas? Penso
que, no caso do Brasil, os setores da
agricultura e do agrobusiness são os
mais promissores, com capacidade de
fazer rodar toda a economia de forma
a se chegar ao tão sonhado desenvolvimento sustentável.
O mercado internacional é francamente comprador de produtos agropecuários, in natura e industrializados, e continuará assim por muito
tempo. As grandes populações do
mundo são carentes de alimentos.
Basta verificar que só a China terá de
importar cerca de 300 milhões de toneladas de grãos por muitas décadas.
Aliás, toda a Ásia precisa de comida
-sem falar nos importadores tradicionais do mundo desenvolvido. O
Brasil é um dos únicos países que podem enfrentar, com sucesso, esse
enorme desafio.
Ora, com a extensão de terra que temos, as benesses de sol, clima, fertilidade e a enorme quantidade de água
que Deus nos deu, aliadas aos avanços
da pesquisa agropecuária, colocam
nosso país em situação extremamente
favorável para erguer uma grande nação a partir da agricultura e do agrobusiness e sem comprometer o ambiente -o Brasil responde por apenas
1,5% das emissões de carbono do planeta, uma das mais baixas do mundo.
Mas há problemas a superar. Um
deles é a restauração da paz no campo.
Os movimentos de invasão de terras e
a frouxidão do governo na garantia
dos direitos de propriedade dão margem ao crescimento meteórico do clima de medo e tensão que rodeia as fazendas brasileiras. Isso não pode continuar.
O Brasil tem tudo para fazer o campo irradiar a energia que vai ativar a
economia como um todo e garantir
para os brasileiros um bom nível de
emprego. Está na hora de acabar com
a violência e o desrespeito na zona rural antes que eles acabem com a potencialidade da agricultura na sustentação do nosso desenvolvimento.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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