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CLÓVIS ROSSI
Cuba, Bush, Europa, Brasil
LIUBLIANA - Começo por onde o
qprofessor Kenneth Maxwell terminou seu artigo de ontem: "Caso ele
[Fidel Castro] venha a morrer enquanto Bush continuar presidente,
e em meio a um ano de eleição presidencial nos Estados Unidos, podemos esperar por uma infinidade
de problemas".
Ouvi ontem basicamente a mesma idéia de um alto funcionário europeu. Cuba é a prioridade 1 deste
semestre em que a Eslovênia preside a União Européia, ao menos em
termos de América Latina.
"Cuba está em qualquer lista das
dez principais questões mundiais.
No terceiro, quinto ou décimo lugar, mas entre as dez", diz ele.
A UE está, aliás, disposta a atuar
para evitar que os Estados Unidos
sejam o único ator externo a participar do processo de transição na
ilha, que, a rigor, já começou, mesmo com Castro ainda vivo.
Tanto é assim que Louis Michel,
comissário europeu para o Desenvolvimento, vai na semana que vem
a Cuba, no primeiro passo de um
processo de engajamento que, de
preferência, será compartilhado
por todos os 27 países-membros da
União Européia.
Vistas as coisas da Europa, Cuba
também tem interesse nesse envolvimento, em especial depois que o
venezuelano Hugo Chávez perdeu
o referendo que lhe daria a possibilidade de permanecer indefinidamente no poder.
Os cubanos se assustaram, porque a linha da vida que a Venezuela
é hoje para Cuba pode ser interrompida se e quando Chávez sair.
Os europeus acham que o Brasil
também tem um papel importante
a desempenhar neste como nos demais temas internacionais.
O caso de Cuba é especial pelos
laços entre figuras relevantes do PT
e o castrismo, mas também pelo valor simbólico da ilha no imaginário
político brasileiro, para o bem ou
para o mal. Não dá para se esconder
atrás do respeito à soberania como
habeas-corpus para a inação.
crossi@uol.com.br
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