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ARGENTINA EM TRANSE
O processo de desgaste da
economia argentina, acompanhado de dificuldades políticas do
governo De la Rúa, assumiu nas últimas semanas maior gravidade. Neste momento, o país está praticamente fora do mercado de crédito, tal é a
elevação do risco argentino.
Depois de alertas lançados por instituições financeiras, economistas e
agências de classificação de risco, o
desconforto é agora assumido pelos
principais empresários argentinos.
Apesar da "blindagem" financeira
obtida pela Argentina de bancos e organismos como o Fundo Monetário
Internacional -uma linha de crédito
que soma quase US$ 40 bilhões-, a
promessa de fazer a economia voltar
a crescer não se cumpriu.
A rigor, sobrou muito pouco da antiga elite econômica argentina, deslocada pela internacionalização da
estrutura produtiva, acompanhada
por forte desindustrialização. Mas os
poucos grupos econômicos locais
que restaram encontram ainda alguma força para protestar.
O Conselho Empresarial Argentino, recebido pelo presidente De la
Rúa e pelo ministro da Economia, José Luis Machinea, colocou a questão
num tom dramático: "Se não há atividade econômica, não se geram empregos e não há mercado".
Após 30 meses de recessão e com
acesso limitado ao mercado brasileiro depois da desvalorização do real,
as empresas argentinas enfrentam
novas e mais sérias dificuldades.
A crise é tão severa que a própria
moeda, equiparada ao dólar, corre
riscos. Incapaz de promover uma
desvalorização (dado o peso e a disseminação de dívidas em dólar), o
governo pode ser tentado a adotar a
dolarização pura e simples.
Tal hipótese, se concretizada, abalaria fortemente o projeto de uma integração monetária no Mercosul.
Para o Brasil, esse desfecho não seria catastrófico, mas sem dúvida aumentaria muito o risco regional e sobretudo a vulnerabilidade do país às
pressões, vindas dos EUA, em favor
da aceleração da Alca.
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