São Paulo, quinta-feira, 01 de março de 2001

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O EXEMPLO DOS EUA

Governo e empresários norte-americanos se mobilizam para incluir a escolha do padrão tecnológico da TV digital nas negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). Os EUA estão preocupados com a possibilidade de o Brasil não escolher o sistema lá adotado.
Até abril, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) deverá anunciar o escolhido, mas os testes técnicos apontaram o padrão americano como o menos apropriado. Além do americano, estão em análise os adotados na Europa e no Japão.
A definição do padrão brasileiro irá determinar quem terá a hegemonia em um mercado estimado em US$ 10 bilhões nos próximos dez anos.
Além dos aspectos técnicos, a Anatel tem afirmado que também serão levados em conta os preços dos aparelhos e os custos de transição das emissoras para o sistema digital.
A atuação da Anatel levando em conta critérios técnicos e interesses do consumidor é imperativa. Mas a definição do padrão da TV digital não deve se restringir a tais aspectos. Assim, a mobilização dos EUA mostra a importância que os países desenvolvidos dão às decisões que afetam os interesses de suas empresas.
A implantação e a expansão da TV digital envolve uma série de equipamentos -chips, receptores e componentes em geral- que deverão ser produzidos em escala global. A expressão do mercado brasileiro possibilita que o país negocie com os detentores das tecnologias em disputa para que parte do fornecimento mundial de equipamentos seja feita por empresas instaladas no Brasil.
A boa notícia é que o secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior, Roberto Giannetti, declarou que o país está negociando esses compromissos com os países interessados. Essa é uma mudança de postura importante. O governo perdeu no passado recente oportunidades semelhantes, como na privatização das telecomunicações. Resta esperar para conferir qual será a efetividade dessa nova orientação.


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