![]() São Paulo, quinta-feira, 01 de março de 2001 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Até logo, Brasil
ANTHONY S. HARRINGTON
Já iniciamos reuniões semestrais entre o nosso Departamento de Estado e o Ministério das Relações Exteriores. Nossas diferenças parecem relativamente pequenas e, na sua maioria, confinadas a assuntos de comércio -apesar de esses capturarem uma atenção desproporcional da cobertura da imprensa. Como um ex-embaixador brasileiro nos EUA disse, as únicas nações que não têm disputas comerciais são aquelas que não comerciam. Os desacordos não distorcem a nossa cooperação geral e, apesar desses desacordos, observei que as exportações brasileiras para os EUA cresceram duas vezes mais rápido do que para o resto do mundo, no ano passado. E nosso comércio bilateral de US$ 26 bilhões está praticamente equilibrado. Para melhorar ainda mais o nosso ambiente comercial, tenho confiança em que a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) continuará a tomar forma, com o Brasil e os EUA co-presidindo o importante estágio final. Acredito que a Alca trará ao Brasil os mesmos tipos de benefício que o México teve durante os primeiros cinco anos do Nafta. Reconhecemos que o acordo eventual deve ser mutuamente benéfico e que haverá necessidade de transições razoáveis em alguns setores dos dois países. O Mercosul também continuará a desempenhar um papel vital na promoção do livre comércio e na estabilidade econômica e política da região. Vou embora com grande otimismo quanto ao futuro do Brasil e ao nosso relacionamento bilateral. Nós, nos EUA, admiramos grandemente o extraordinário progresso que o Brasil fez, nos últimos anos, nas reformas fiscal e institucional. Sei que o presidente Fernando Henrique pretende intensificar o foco sobre educação e previdência. Ele e o Congresso prepararam o terreno ao pôr fim à inflação galopante, construindo a estabilidade econômica. Durante recente viagem a 13 Estados, ouvi, quase que unanimemente, tanto de empresários brasileiros quanto de americanos, bem como de prefeitos, que o Brasil deve prosseguir com a reforma tributária. Desejo, ainda, sucesso ao governo no aprofundamento da reforma política. O presidente Bush conclamou um novo "século das Américas". Após as discussões entre o ministro Lafer e o secretário Powell, esta semana, o presidente Fernando Henrique visitará Washington (dia 30 de março, a convite do presidente Bush). Estou confiante na criação de um forte vínculo pessoal, que fortalecerá o diálogo entre Brasil e EUA. Depois de retornar à minha casa, em Maryland, pretendo continuar a fazer o que estiver ao meu alcance para aprofundar as fortes relações entre nossos dois grandes países, tanto em termos governamentais quanto privados. Apesar de meu tempo como embaixador ter terminado, conforme é normal em qualquer mudança de administração, Hope e eu nunca deixaremos completamente o Brasil. Podem esperar nos ver aqui de tempos em tempos, prosseguindo, do âmbito privado, o importante trabalho que fizemos juntos. Apresentamos nossa profunda gratidão ao governo e ao povo do Brasil a cooperação excepcional e a calorosa hospitalidade que tivemos. Até logo, Brasil. Anthony S. Harrington deixou ontem o cargo de embaixador dos EUA no Brasil. Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Vicente Amato Neto e Jacyr Pasternak: O falso dilema da medicina Índice |
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