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O FUTURO DA ONU
A crise iraquiana não envolve
apenas Saddam Hussein,
George W. Bush e mais meia dúzia
de líderes nacionais. Também está
em jogo o futuro das Nações Unidas.
Os EUA, que querem a guerra já,
não cessam de afirmar que, se a
ONU não autorizar uma ação contra
Saddam Hussein, estará se desmoralizando diante de ditadores que desafiem a organização. Para o presidente do país mais poderoso do planeta,
as Nações Unidas precisam agora
demonstrar que não são "uma sociedade irrelevante de debates".
No outro extremo, estão os que
vêem na organização um mero palco
para que os EUA legitimem seus desígnios bélicos. Num mundo pós-Guerra Fria em que cada país tem seu
preço, a única superpotência restante não tinha, até agora, enfrentado
maiores resistências para aprovar resoluções de seu interesse, notadamente a Guerra do Golfo em 1991.
Ninguém duvida de que a ONU
apresenta problemas. É também inegável que, depois do colapso da
URSS e do bloco socialista, a força
dos EUA cresceu exponencialmente.
Ainda assim, as Nações Unidas
mantêm, em determinados casos,
uma saudável independência. Mais
do que isso, a ONU é o que de mais
perto existe de uma federação mundial, que seria temerário descartar.
Bem feitas as contas, a ONU não é
nem irrelevante nem um mero balcão para autenticar decisões de Washington. Prova-o o simples fato de
George W. Bush ter sido constrangido a alterar seus planos de guerra para ver se obtém o aval internacional
para lançar-se em batalha.
As Nações Unidas são a única instância capaz de conferir legitimidade
a iniciativas internacionais. Sua estrutura está ultrapassada, e a organização frequentemente recai em vícios comprometedores. Ainda assim, a ONU é o que permite separar,
hoje, no campo das relações internacionais, ações coercitivas legítimas
das guerras de agressão, movidas
por simples interesses. É preciso melhorar a ONU, não descartá-la.
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