|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
Procura-se plano B
SÃO PAULO - Quem acha que tem um plano econômico alternativo e
viável pode enviá-lo com certa urgência para pr@planalto.gov.br.
É o endereço eletrônico de Luiz Inácio Lula da Silva, que anda bastante
incomodado com essa coisa de ter de
aumentar juros, aumentar o superávit primário -enfim, arrochar a economia.
A Folha ouviu, no Palácio do Planalto, que o presidente tende a não
mais aceitar nem novo aumento de
juros nem outra elevação do superávit fiscal (este, de todo modo, não será
mesmo necessário).
A busca de um, digamos, plano B
significa que o ministro Antonio Palocci Filho e seu programa, cópia do
de Pedro Malan, esteja sendo rifado?
Não, responde o deputado Delfim
Netto (PPB-SP).
"Lula demonstra absoluta confiança no esquema que o Palocci montou", diz Delfim. Você vai perguntar,
com toda a razão: o que o Delfim está
fazendo num texto que fala do governo do PT?
Delfim é um discreto, mas constante, interlocutor da equipe econômica.
Foi ele, por exemplo, quem apresentou os estudos (de resto citados na coluna semanal que ocupa na Folha)
para demonstrar que a alta de juros,
em qualquer circunstância, tem, sim,
efeito contra a inflação.
Mesmo que não confiasse no "esquema Palocci", Lula não tem um
plano B à mão.
O problema é que o próprio Delfim
calcula que "a inflação vá continuar
subindo até junho, cada vez menos,
mas subindo". Bom, aí virão pressões
para continuar aumentando os juros, o que colidirá com a disposição
de Lula de não aceitar.
Nessas circunstâncias, um plano B
tende a se tornar mais urgente dentro
de três ou quatro meses.
O ministro Palocci aposta que, desaparecido o problema Iraque, cesse
a pressão sobre o câmbio e, por extensão, sobre a inflação.
Nessa hipótese, o vigente plano A
ganha sobrevida. Apostas?
Texto Anterior: Editoriais: CRÉDITO AGRÍCOLA
Próximo Texto: Brasília - Fernando Rodrigues: Juvêncio e Sarney abafam Índice
|