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EMÍLIO ODEBRECHT
O fim do emprego
NOSSOS JOVENS universitários estão voltando às aulas.
Isso me lembra que o principal desafio das instituições educacionais no mundo atual é oferecer aos estudantes a base que lhes
permita transformar cada instante
da vida profissional futura em uma
oportunidade de aprendizado, de
participação e de autodesenvolvimento, que é uma condição para o
crescimento de cada um e das empresas às quais servirão.
Nesse sentido, as universidades
precisam formar indivíduos críticos, capazes de conferirem riqueza,
inovação e versatilidades às organizações que os atraiam, enquanto,
simultaneamente, concretizam os
planos de vida e de carreira que formularam para si próprios. Indivíduos que não tenham uma atitude
passiva perante a própria história,
porque o emprego e o salário cada
vez mais deixarão de existir.
A nova economia não admite
nem assalariados nem patrões. As
empresas estão em busca de empresários dos conhecimentos, das
habilidades e das competências
que dominam, capazes de fazer
acontecer, exercendo a liberdade
com responsabilidade.
Isso significa que as oportunidades de trabalho estarão reservadas
para quem tenha sido preparado
não para obedecer ordens, mas para conquistar e satisfazer clientes
e, como autêntico parceiro, se autorremunerar por meio de parte
dos resultados que produzir.
Os resultados gerados têm que
ser maiores do que as necessidades
de sobrevivência da empresa e de
quem os gerou, de modo que o excedente possa servir ao crescimento de ambos e à criação de novas
oportunidades de trabalho, sedimentando ciclos de crescimento
orgânico que se traduzam em processos contínuos de renovação
de lideranças e de sucessão de
gerações.
O que as organizações que atuam
em ambientes negociais cada vez
mais complexos e competitivos esperam é que seus futuros integrantes sejam preparados para ser protagonistas de atos e fatos que façam
diferença, impulsionados pelas
próprias forças e pela força das circunstâncias, com pensamento global e ação local, decidindo com eficácia e fazendo com eficiência, dotados de criatividade embasada no
conhecimento e na intuição e de
uma visão otimista do futuro.
Ao formar essa nova geração,
nossas universidades atuarão como agentes de emancipação pessoal, estimuladoras da autonomia
produtiva e vetores de uma nova
consciência que refuta o tradicional conceito de emprego, altera o
padrão de dependência do trabalhador perante o mercado e transcende as visões estreitas que preferem apostar no anacrônico conflito
entre o capital e o trabalho.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingo nesta coluna.
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