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ELIANE CANTANHÊDE
Nunca antes neste país?
BRASÍLIA - O governo Lula cedeu
aos sargentos controladores de vôo
e abriu uma crise com brigadeiros,
generais e almirantes. O tempo dirá
se foi um bom negócio. A história
costuma dizer que não.
No meio do tiroteio entre o governo e os sublevados, quem foi
atingido por uma bala certeira, e
não necessariamente perdida, foi a
Aeronáutica, que foi desmoralizada.
O comandante Luiz Carlos Bueno foi atropelado pelas negociações
dos ministros da Defesa, Waldir Pires, e do Trabalho, então Luiz Marinho, com os sargentos que fizeram
operação-padrão em outubro, contrariando as leis militares e até a
Constituição. Agora, o novo comandante, Juniti Saito, foi desautorizado pelo próprio presidente.
Perdem Lula, Alencar, Pires, Dilma, Saito e toda a cadeia de comando militar, resvalando no descontrole e no sacolejo do Estado democrático. Ganham os controladores
de vôo, que foram à guerra e venceram. Em vez de punidos, como quis
Saito, foram brindados com as promessas de vantagens e de desmilitarização do setor.
No dia 30 de março de 1964, Jango se reuniu com sargentos no Automóvel Clube sob aplausos do então consultor-geral da República,
Waldir Pires. No dia 30 de março de
2007, Lula ditou do AeroLula a ordem para seu governo ceder aos
sargentos de vôo, com apoio do ministro da Defesa, Waldir Pires -que
depois sumiu.
O país não é o mesmo, a democracia é uma realidade e não há nenhuma hipótese de golpes. Mas essas
coisas deixam marcas profundas.
Lula e seu governo não estão apenas demonstrando incompetência
num apagão mais do que previsto;
estão brincando com fogo.
A foto dos militares esparramados pelo chão, com uniformes
amarfanhados, em greve num setor
vital e parando o país, é uma imagem terrível do governo Lula para a
história.
elianec@uol.com.br
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