São Paulo, segunda-feira, 01 de maio de 2006

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O RITMO DO SUPERÁVIT

A economia de recursos feita em março pelo setor público para pagar os juros sobre sua dívida superou as expectativas. O excesso de receitas sobre despesas (excluídos os juros) chegou a R$ 13,2 bilhões, o que representa, como proporção do PIB, 8,3% -o segundo resultado mais elevado já obtido pelo país (superado só pelo de março de 2005).
Os números divulgados na quarta-feira sugerem que a forte redução do superávit primário observada em janeiro foi um acontecimento pontual. Dão maior credibilidade, portanto, às reiteradas promessas da nova cúpula do Ministério da Fazenda de que mantém o compromisso de seus antecessores com o cumprimento da meta de obter superávit primário de pelo menos 4,25% do PIB em 2006, nível previsto pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Embora pareça desmentir o temor levantado por diversos analistas de que, movido por interesses eleitorais, o governo pudesse promover em 2006 um afrouxamento inconseqüente da política fiscal, o resultado de março não desautoriza o diagnóstico de que a gestão das contas públicas tem pela frente grandes desafios.
A geração reiterada de grandes superávits primários, visando impedir uma deterioração das condições de financiamento da dívida pública, há anos tem se fundado em mecanismos indesejáveis, como a elevação da carga tributária e a compressão dos investimentos públicos.
Ademais, ao longo da atual gestão federal surgiram sinais preocupantes de aumento excessivo das despesas correntes. Esse movimento tende a tornar o gasto mais rígido e, portanto, a dificultar a redução da carga tributária e a recuperação do investimento público (importante em particular no campo da infra-estrutura).
Espera-se que a redução da taxa básica de juros tenha seguimento neste e nos próximos anos, o que reduzirá a pressão sobre os juros e abrirá paulatinamente margem para o desafogamento financeiro do Estado. Antes disso, porém, a política fiscal terá de incorporar, no próximo mandato presidencial, mecanismos para atenuar -de modo inequívoco, ainda que gradual- as atuais distorções.


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