São Paulo, segunda-feira, 01 de maio de 2006

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FERNANDO RODRIGUES

Déficit de candidatos

BRASÍLIA - É improvável que Anthony Garotinho perca muitos votos por causa do novo escândalo na praça. O ex-governador fluminense recebeu "doações" de laranjas esquisitos, para dizer o mínimo. Se Lula está aí com mensalão e tudo, não é por causa de dinheiro de origem controversa ou por voar em jatinhos que pertenceram a criminosos que alguém perderá pontos nas pesquisas.
Até aí, sem novidades. O fato a ser observado é que a derrapada de Garotinho transforma-se no argumento que faltava dentro do PMDB para remover o político do Rio de Janeiro da disputa presidencial.
Por mais cinismo que possa existir entre os peemedebistas, havia gente constrangida em derrubar Garotinho. Ele ostentava 15% e dava mostras de que poderia até desbancar o segundo colocado, o tucano cambaleante Geraldo Alckmin. Agora, tudo é menos complicado.
Nenhum dos caciques do PMDB nos Estados do Sul faz mais segredo de que tentará de tudo para vetar a tese da candidatura própria no dia 13, quando a sigla realiza uma convenção nacional. Por tabela, enterram também as pretensões do mineiro Itamar Franco.
Tudo somado, virou mero Fla-Flu a disputa presidencial. Será Lula X PSDB, seja lá quem for o candidato tucano. Abaixo deles, não haverá ninguém do PMDB ou de outra sigla de porte pelo menos médio.
O PSB teve Garotinho candidato a presidente há quatro anos e recebeu 18% dos votos. O PPS, com Ciro Gomes, teve 12%. O PPS pode lançar Roberto Freire. Não faria a menor diferença, pois Freire pontua nas pesquisas como Enéas, do Prona. Na ultra-esquerda, Heloísa Helena (PSOL) e trostskistas em geral juntos tendem a ficar abaixo do patamar de 10%.
No dia 1º de outubro, resumindo, os brasileiros vão escolher entre Lula, que segue a política econômica de FHC, ou algum candidato do PSDB, que rezará pela mesma cartilha. Nunca o debate sobre o país foi tão interditado no meio político.

@ - frodriguesbsb@uol.com.br


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