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FERNANDO RODRIGUES
Déficit de candidatos
BRASÍLIA - É improvável que Anthony Garotinho perca muitos votos
por causa do novo escândalo na praça. O ex-governador fluminense recebeu "doações" de laranjas esquisitos,
para dizer o mínimo. Se Lula está aí
com mensalão e tudo, não é por causa de dinheiro de origem controversa
ou por voar em jatinhos que pertenceram a criminosos que alguém perderá pontos nas pesquisas.
Até aí, sem novidades. O fato a ser
observado é que a derrapada de Garotinho transforma-se no argumento
que faltava dentro do PMDB para remover o político do Rio de Janeiro da
disputa presidencial.
Por mais cinismo que possa existir
entre os peemedebistas, havia gente
constrangida em derrubar Garotinho. Ele ostentava 15% e dava mostras de que poderia até desbancar o
segundo colocado, o tucano cambaleante Geraldo Alckmin. Agora, tudo
é menos complicado.
Nenhum dos caciques do PMDB
nos Estados do Sul faz mais segredo
de que tentará de tudo para vetar a
tese da candidatura própria no dia
13, quando a sigla realiza uma convenção nacional. Por tabela, enterram também as pretensões do mineiro Itamar Franco.
Tudo somado, virou mero Fla-Flu a
disputa presidencial. Será Lula X
PSDB, seja lá quem for o candidato
tucano. Abaixo deles, não haverá
ninguém do PMDB ou de outra sigla
de porte pelo menos médio.
O PSB teve Garotinho candidato a
presidente há quatro anos e recebeu
18% dos votos. O PPS, com Ciro Gomes, teve 12%. O PPS pode lançar Roberto Freire. Não faria a menor diferença, pois Freire pontua nas pesquisas como Enéas, do Prona. Na ultra-esquerda, Heloísa Helena (PSOL) e
trostskistas em geral juntos tendem a
ficar abaixo do patamar de 10%.
No dia 1º de outubro, resumindo, os
brasileiros vão escolher entre Lula,
que segue a política econômica de
FHC, ou algum candidato do PSDB,
que rezará pela mesma cartilha.
Nunca o debate sobre o país foi tão
interditado no meio político.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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