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Perda de tempo
NÃO FOI das mais inteligentes a explicação do coordenador do curso de medicina da Universidade Federal
da Bahia para o baixo desempenho dos alunos da instituição.
O fiasco da universidade baiana no Enade, exame nacional do
Ministério da Educação para o
ensino superior, tem uma causa
bastante clara, segundo o professor Antônio Dantas. Trata-se do
baixo QI dos baianos. O fenômeno teria raízes hereditárias, segundo a autoridade acadêmica, e
seria verificável facilmente por
quem convive com pessoas originárias da Boa Terra.
"O baiano toca berimbau porque só tem uma corda. Se tivesse
mais cordas, não conseguiria",
especulou Antônio Dantas, que
por sinal é baiano também.
O tom jocoso de suas considerações não renega a fama de
bom-humor desabusado que
costuma cercar os conterrâneos
de Dorival Caymmi. Mas soa bastante desafinado ao partir de alguém supostamente imbuído de
zelar pela qualidade do curso de
medicina numa das mais tradicionais universidades do país.
Os resultados do curso de medicina que Dantas coordena notabilizam-se pela insistência em
uma nota só: a nota 2, num gradiente que vai de 1 a 5. Outras 16
faculdades, além da baiana, serão
agora monitoradas pelo MEC,
por terem obtido conceitos 1 ou 2
no Enade e no IDD, o indicador
que mede o conhecimento agregado pelos cursos aos estudantes
ao longo do tempo.
Essas faculdades poderão ser
punidas com o corte de vagas.
Em casos extremos, prevê-se a
suspensão de novos vestibulares.
Medidas draconianas, mas corretas se se trata de zelar pela qualidade na formação de um profissional tão importante para a sociedade como o médico. Além
disso, no caso das faculdades públicas o bom desempenho em indicadores como o Enade e o IDD
deveria valer como condição para a dotação de recursos federais.
No mínimo, tais indicadores
deveriam valer para avaliar a
(in)competência de gestores como o coordenador de medicina
da UFBA. Sua fala ilustra, se for
levada a sério, flagrante desperdício de tempo: se a suposta burrice dos estudantes baianos fosse
hereditária, seria difícil explicar
por que dedica suas energias ao
cargo; melhor seria empregá-las
tocando berimbau.
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