|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Educação: prioridade nš 1
NÃO CONHECIA esse tipo de
cálculo. Sabia que a educação é a energia básica para
tocar um país. Para cada ano de
educação corresponde um acréscimo de remuneração das pessoas e
um aumento do PIB.
Os retornos dos investimentos
em educação são enormes. Comprar uma máquina alavanca a produtividade e faz o país crescer. Mas
educar bem um jovem dá um resultado muito maior. É a superioridade do capital humano sobre o capital físico.
O Banco Mundial acaba de apresentar alguns resultados de uma
conta diferente no campo da educação e que partiu da seguinte pergunta: quanto o país perde quando
todo um grupo etário (coorte)
abandona a escola precocemente?
Dizendo ser uma estimativa conservadora, o banco conclui que o
Brasil deixa de gerar R$ 755 milhões devido ao abandono escolar
precoce de uma única faixa etária.
E quanto significa essa perda ao
longo da vida de toda a geração que
abandonou a escola precocemente? R$ 300 bilhões. É isso mesmo:
trezentos bilhões de reais! (Banco
Mundial, "Jovens em situação de
risco no Brasil", vol. 1, Brasília,
2007).
Historicamente, o Brasil tem
mantido um sistema educacional
com muitas perdas. É como um caminhão que transporta ovos que
vão quebrando pelo caminho. Ao
longo dos anos, esse negócio se revela precário. No caso da educação,
o grupo etário (coorte) considerado teria ganho R$ 300 bilhões a
mais se não tivesse abandonado a
escola precocemente.
O estudo compara o Brasil com
vários outros países. Os dados são
preocupantes. O nível educacional
dos jovens brasileiros é muito mais
baixo do que o dos países mais populosos da América Latina. Isso levou o Banco Mundial a concluir
que a futura geração não será competitiva nem na América Latina
nem no mundo. Tudo isso devido
às grandes perdas (quantitativas e
qualitativas) que ocorrem no sistema educacional.
São perdas lastimáveis e que não
podem ser recuperadas. O que se
perdeu não volta mais. E, como
educar é um processo lento, teremos de investir bem durante muitos anos para chegarmos ao padrão
mínimo de educação requerido pela sociedade de conhecimentos.
Com todas as reformas que estão
sendo anunciadas, e assumindo
que todas sejam implementadas, o
Ministério da Educação nos diz
que nossas escolas chegarão àquele
padrão dentro de 15 anos.
Não adianta chorar o leite derramado. É arregaçar as mangas e trabalhar intensamente para que nossos netos possam repetir os cálculos do Banco Mundial, daqui a 30
anos, e dizer: paramos de perder no
sistema educacional. Daqui para a
frente tudo seria ganho.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Sangrando e fedendo Próximo Texto: Frases
Índice
|