São Paulo, domingo, 01 de julho de 2007

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

Educação: prioridade nš 1

NÃO CONHECIA esse tipo de cálculo. Sabia que a educação é a energia básica para tocar um país. Para cada ano de educação corresponde um acréscimo de remuneração das pessoas e um aumento do PIB.
Os retornos dos investimentos em educação são enormes. Comprar uma máquina alavanca a produtividade e faz o país crescer. Mas educar bem um jovem dá um resultado muito maior. É a superioridade do capital humano sobre o capital físico.
O Banco Mundial acaba de apresentar alguns resultados de uma conta diferente no campo da educação e que partiu da seguinte pergunta: quanto o país perde quando todo um grupo etário (coorte) abandona a escola precocemente? Dizendo ser uma estimativa conservadora, o banco conclui que o Brasil deixa de gerar R$ 755 milhões devido ao abandono escolar precoce de uma única faixa etária.
E quanto significa essa perda ao longo da vida de toda a geração que abandonou a escola precocemente? R$ 300 bilhões. É isso mesmo: trezentos bilhões de reais! (Banco Mundial, "Jovens em situação de risco no Brasil", vol. 1, Brasília, 2007).
Historicamente, o Brasil tem mantido um sistema educacional com muitas perdas. É como um caminhão que transporta ovos que vão quebrando pelo caminho. Ao longo dos anos, esse negócio se revela precário. No caso da educação, o grupo etário (coorte) considerado teria ganho R$ 300 bilhões a mais se não tivesse abandonado a escola precocemente.
O estudo compara o Brasil com vários outros países. Os dados são preocupantes. O nível educacional dos jovens brasileiros é muito mais baixo do que o dos países mais populosos da América Latina. Isso levou o Banco Mundial a concluir que a futura geração não será competitiva nem na América Latina nem no mundo. Tudo isso devido às grandes perdas (quantitativas e qualitativas) que ocorrem no sistema educacional.
São perdas lastimáveis e que não podem ser recuperadas. O que se perdeu não volta mais. E, como educar é um processo lento, teremos de investir bem durante muitos anos para chegarmos ao padrão mínimo de educação requerido pela sociedade de conhecimentos.
Com todas as reformas que estão sendo anunciadas, e assumindo que todas sejam implementadas, o Ministério da Educação nos diz que nossas escolas chegarão àquele padrão dentro de 15 anos.
Não adianta chorar o leite derramado. É arregaçar as mangas e trabalhar intensamente para que nossos netos possam repetir os cálculos do Banco Mundial, daqui a 30 anos, e dizer: paramos de perder no sistema educacional. Daqui para a frente tudo seria ganho.

antonio.ermirio@antonioermirio.com.br


ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.


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