São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2010

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CLÓVIS ROSSI

Programa de índio

SÃO PAULO - Socializo resposta que dei a um leitor e a uma leitora que queriam saber a razão pela qual não comentei, até agora, a safra mais recente de pesquisas, as primeiras a dar vantagem a Dilma Rousseff sobre José Serra.
É simples, com perdão pela presunção: antecipei essa possibilidade no já remoto 28 de fevereiro, dia em que o Datafolha apontava a redução (para quatro pontos) da vantagem de Serra sobre Dilma.
Escrevi então o seguinte: "A surpresa, pelo menos do meu ponto de vista, na pesquisa Datafolha que este jornal publica hoje, não é o fato de Dilma Rousseff ter reduzido bastante a desvantagem em relação a José Serra, mas o fato de Serra ainda estar à frente".
Depois, explicava que o elemento a meu ver decisivo no pleito de outubro seria o que os ingleses chamam de "feel good factor". Traduzindo e copiando a mim mesmo: "Nestes últimos 50 anos, em que as eleições brasileiras foram se massificando, jamais houve outro pleito em condições tão favoráveis para o governo como o deste ano".
Bastaria ao governo convencer o público de que o nome de Lula agora é Dilma, conforme o próprio Lula declarou faz pouco.
Esse convencimento está ocorrendo, mostram as pesquisas.
O horário de propaganda obrigatório só tende a fazer com que essa tendência aumente, a ponto de que a surpresa, pelo menos para mim, será se as pesquisas dos próximos 30 ou 45 dias não mostrarem a perspectiva de vitória de Dilma já no primeiro turno.
Ainda mais que a chance de José Serra seria apostar no erro da adversária. Fez o inverso: caiu na palhaçada em torno do vice que terminou fornecendo a piada pronta que dá título à coluna.
Dá até a impressão de que foi a "equipe de inteligência" de Dilma que bolou para o tucanato o roteiro em exibição nos piores cinemas da pátria. Grotesco.

crossi@uol.com.br


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