São Paulo, quarta-feira, 01 de agosto de 2001

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ARESTAS COMERCIAIS

A Organização Mundial do Comércio se vê ameaçada em suas credibilidade e efetividade. Funcionando desde 1995, ela foi concebida para garantir que as trocas de mercadorias e serviços entre as nações fluam "o mais ininterrupta, previsível e livremente possível". Mas não tem conseguido avançar em temas fundamentais para a consecução desse objetivo.
O fracasso da reunião de Seattle, no final de 1999 -que lançaria a chamada Rodada do Milênio- deve ser atribuído apenas em parte à onda de protestos antiglobalização que tomou as ruas da cidade. Na base do malogro esteve a irredutibilidade de países ricos em negociar temas como o acesso aos mercados agrícolas ou, ainda, o hábito nocivo dos norte-americanos de erguer barreiras a produtos de outros países sob o disfarce de medidas antidumping.
O pior é constatar -e quem o faz, ainda que de forma matizada, é o próprio diretor-geral da OMC, Mike Moore- que pouco se avançou de lá para cá. Está marcada para o início de novembro, em Doha (Qatar), a 4ª Conferência Ministerial da entidade. Muitos acreditam que essa será mais uma chance para superar o impasse que enterrou a possibilidade de acordo em Seattle.
A mensagem enviada anteontem por Moore aos 142 países que integram a OMC não permite otimismo: "Se o encontro de Doha fosse em setembro, a oportunidade [para chegar a um acordo mínimo que desse início às negociações] estaria perdida".
O ciclo econômico não parece ajudar as pretensões por uma nova e ampla rodada de negociações. Especialistas já identificam um movimento simultâneo de desaceleração, em termos de produção industrial, nas três principais economias do planeta (EUA, Europa e Japão). As exportações globais estão em queda. Nesse contexto, é mais provável que as nações lancem mão de estratégias de defesa comercial, o que portanto reduz as chances de haver uma grande rodada global de negociações.
Essa mudança de perspectivas exige que o Brasil reveja sua estratégia de privilegiar as negociações multilaterais em relação às bilaterais.


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