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ARESTAS COMERCIAIS
A Organização Mundial do
Comércio se vê ameaçada em
suas credibilidade e efetividade. Funcionando desde 1995, ela foi concebida para garantir que as trocas de
mercadorias e serviços entre as nações fluam "o mais ininterrupta, previsível e livremente possível". Mas
não tem conseguido avançar em temas fundamentais para a consecução desse objetivo.
O fracasso da reunião de Seattle, no
final de 1999 -que lançaria a chamada Rodada do Milênio- deve ser
atribuído apenas em parte à onda de
protestos antiglobalização que tomou as ruas da cidade. Na base do
malogro esteve a irredutibilidade de
países ricos em negociar temas como o acesso aos mercados agrícolas
ou, ainda, o hábito nocivo dos norte-americanos de erguer barreiras a
produtos de outros países sob o disfarce de medidas antidumping.
O pior é constatar -e quem o faz,
ainda que de forma matizada, é o
próprio diretor-geral da OMC, Mike
Moore- que pouco se avançou de lá
para cá. Está marcada para o início
de novembro, em Doha (Qatar), a 4ª
Conferência Ministerial da entidade.
Muitos acreditam que essa será mais
uma chance para superar o impasse
que enterrou a possibilidade de acordo em Seattle.
A mensagem enviada anteontem
por Moore aos 142 países que integram a OMC não permite otimismo:
"Se o encontro de Doha fosse em setembro, a oportunidade [para chegar
a um acordo mínimo que desse início às negociações] estaria perdida".
O ciclo econômico não parece ajudar as pretensões por uma nova e
ampla rodada de negociações. Especialistas já identificam um movimento simultâneo de desaceleração, em
termos de produção industrial, nas
três principais economias do planeta
(EUA, Europa e Japão). As exportações globais estão em queda. Nesse
contexto, é mais provável que as nações lancem mão de estratégias de
defesa comercial, o que portanto reduz as chances de haver uma grande
rodada global de negociações.
Essa mudança de perspectivas exige que o Brasil reveja sua estratégia
de privilegiar as negociações multilaterais em relação às bilaterais.
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