São Paulo, quarta-feira, 01 de agosto de 2001

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MUDAR O PROEX

A o deixar ontem o Ministério do Desenvolvimento, o ex-ministro Alcides Tápias frisou que o governo deveria dar prioridade ao Proex (Programa de Financiamento às Exportações) no Orçamento de 2002. Tápias mostrou, assim, afinidade com o seu sucessor, embaixador Sergio Amaral, que, ao ser indicado, afirmou que o estímulo às exportações será seu principal objetivo no cargo.
A sugestão de Tápias encontrou, porém, resistência por parte do ministro do Planejamento, Martus Tavares, que adiantou que o governo tem outras prioridades para o Orçamento do próximo ano.
É notório que o governo, sempre preocupado com ajuste fiscal, foi pouco efetivo no estímulo à obtenção de superávits comerciais para, assim, reduzir a vulnerabilidade externa. Infelizmente, não há indicação clara de que tal comportamento possa mudar em razão dos efeitos da crise argentina. Pelo contrário, ampliar o ajuste fiscal parece continuar sendo o único caminho existente para contornar as crises externas.
Os recursos destinados em 2001 para o Proex estão próximos de se esgotar e nada foi feito até agora para que houvesse uma verba suplementar para uma atividade necessária ao equilíbrio econômico do país.
Mas é preciso reconhecer que na objeção levantada pelo ministro Tavares há uma preocupação justa: o Proex destina recursos a fundo perdido para exportações. Em alguns casos, como o de empresas de alta tecnologia, isso é justificável. Mas é preciso que haja contrapartidas e limitação temporal bem definidas.
Além disso, é preciso ter um fundo rotativo poderoso -de maneira a dispensar seguidos aportes de recursos pelo Tesouro- associado a uma política de exportações que atraia novos exportadores, especialmente entre pequenas e médias empresas.
A Itália, onde empresas com até 14 empregados são responsáveis por mais de 60% das vendas externas, é um exemplo do sucesso que uma política como essa pode alcançar.


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