São Paulo, quarta-feira, 01 de agosto de 2001

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PAINEL DO LEITOR

Peru
"O recém-empossado presidente do Peru, Alejandro Toledo, tem tudo para aumentar a infindável lista dos políticos latino-americanos que, como Collor de Mello, Carlos Andrés Perez, Carlos Menem, Fernando de la Rúa e Fernando Henrique Cardoso, entre outros, criaram certas expectativas de mudanças que, em pouquíssimo tempo, se mostraram falsas. Em um momento em que as políticas neoliberais dão sinais inequívocos de que não conseguem, nem de longe, solucionar o problema da pobreza no mundo -tendo, na verdade, aprofundado ainda mais a distância entre países ricos e pobres-, Toledo vem falar de "economia de mercado com rosto humano". Espero que o bravo e sofrido povo do Peru encontre forças para exigir do novo presidente a efetivação de políticas que possam, de fato, vir a garantir seu bem-estar."
Glaisson Costa (Brasília, DF)

Belíndia
"A Primeira Página de ontem da Folha espelha, por meio de duas fotos, a realidade no nosso pobre país. Na foto do centro, o melhor emblema de nossa elite: nosso representante maior e seu magnífico Rolls-Royce, refulgindo nos verdes jardins de um palácio. Na outra, o povo engalfinhando-se no lixo, na procura dramática por um pedaço de carne podre para saciar a fome."
Clayton Luiz Camargo (Curitiba, PR)

Tucanos
"No quadro "As acusações contra os tucanos" (Brasil, pág. A4, 27/7), a Folha omitiu que a referida auditoria interna, que constatou irregularidades praticadas pelos diretores de então, foi determinada por mim tão logo surgiram os primeiros indícios. Os resultados dessa auditoria, eu entreguei, pessoalmente, ao Ministério Público Federal e ao Ministério Público de Alagoas e divulguei-os nos principais meios de comunicação do meu Estado e do Brasil. Mais ainda. Como presidente do Conselho Diretor da Fundação Teotônio Vilela, demiti imediatamente a diretoria executiva suspeita e promovi na Justiça ações penais e civis para resguardar os interesses da entidade e do próprio Fundo de Amparo aos Trabalhadores (FAT). Saliento, aqui, que tomei as medidas na condição de presidente do Conselho, que tem como missão coordenar as diretrizes e fiscalizar as ações da diretoria executiva da fundação, função essa que exerci e exerço fielmente à rigorosidade da ética e em respeito à coisa pública e ao nome do velho senador Teotônio Brandão Vilela. Afinal, se ex-diretores-executivos da Fundação Teotônio Vilela cometeram irregularidades, a entidade, por seu conselho, em momento nenhum foi omissa ou cúmplice e jamais contribuiu, minimamente sequer, para a impunidade que estimula o crime."
Teotônio Vilela Filho, senador e presidente do Conselho Diretor da Fundação Teotônio Vilela (Brasília, DF)

Agenda ética?
"Essa "agenda ética" proposta no Congresso tem toda a pinta de ser mais uma dessas medidas populistas do que propriamente uma medida ética, pois tem o aval de um cidadão que tem medo de sentar-se em uma cadeira por acreditar que seja amaldiçoada. Será que é a cadeira a vilã da história? É mais uma medida de nossa elite política populista, que muda para que nada seja mudado."
José Waldir da Costa Lemos Júnior (Cruzeiro, SP)

PPS
"Arnaldo Jardim, presidente estadual do PPS de São Paulo, manifestou-se sobre ética nesta seção ontem, alegando que propôs que os candidatos de seu partido abrissem mão de seus sigilos fiscais e bancários nas últimas eleições municipais. Em Mairinque, situada a 66 km da capital, o PPS participou de uma aliança que agrupava PFL e PPB em apoio a um candidato do PRP, cuja carreira política teve início na antiga Arena, passando por PDS e PFL. O senhor Arnaldo Jardim fala em ética e permite que o PPS, antigo Partido Comunista, se junte, numa cidade do seu Estado, a siglas partidárias explicitamente de direita? Das duas, uma: ou ele não sabia dessa aliança e o PPS foi usado como "partidinho de aluguel" ou permitiu a aliança e esqueceu-se da ética partidária que prega hoje."
João Brazílio Chagas (Mairinque, SP)

Homens fracos
"Interessante o número de cartas publicadas neste "Painel do Leitor" de pessoas indignadas porque o Brasil não é um país sério. Discordo. Um circo só tem sentido se há uma platéia que ri do palhaço e bate palmas para cada número apresentado. Ou será isso mesmo que acontece aqui no Brasil? Em vez de essa passiva platéia ficar sentada, rindo cada vez que é enganada e roubada, que tal mudar de postura? Não acho que o Brasil não seja sério: acho que é um país de homens fracos."
Rita de Cássia Lustosa Messias Barrense (São Paulo, SP)

Domésticas
"A reportagem de capa do Folhainvest de 30/7 é extremamente preconceituosa ("Acordo na cozinha não vale no tribunal", pág. B1). Primeiro, baseia-se no princípio de que o público leitor da Folha é apenas patrão. A reportagem mostra como fugir dos processos, além de estimular de forma indireta a exploração, quando, por exemplo, sugere que não se pague mensalmente aos diaristas. O requinte de crueldade vem no esclarecimento sobre as férias, horas extras e direitos na gravidez, quando o jornal se posta do lado dos patrões, mostrando as limitações dessas garantias no caso dos empregados domésticos. A Folha tornou-se o jornal da casa-grande?"
João Caldeira Brant Monteiro de Castro (São Paulo, SP)

Resposta de Sandra Balbi, editora do Folhainvest - O leitor ignora que apenas 25% dos 5 milhões de empregados domésticos do país têm seu direito básico (registro em carteira) respeitado, como mostra a reportagem. É aos patrões dos 75% restantes que se destina a reportagem. Não há orientação para "fugir de processos" ou "estimular a exploração", mas, sim, a recomendação de evitar acordos fora dos tribunais, que até são favoráveis aos "patrões", e garantir o cumprimento da lei.

Pesquisa
"A respeito da nota "Sinais de vida", publicada pela coluna "Painel" em 29/7 (Brasil, pág. A4), gostaria de prestar os seguintes esclarecimentos: Os números divulgados pela nota não foram constados em nenhuma pesquisa realizada pela MCI. No mais recente levantamento referente à avaliação do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, a soma dos resultados ótimo e bom corresponde a 16%, enquanto a soma dos resultados ruim e péssimo corresponde a 38%. Na pesquisa anterior, as somas representavam 17% de ótimo e bom e 44% de ruim e péssimo. Portanto, comparados os dois últimos levantamentos, observa-se uma queda no saldo negativo das avaliações de 27 para 22 pontos."
Amauri Teixeira, diretor da MCI em Brasília (Brasília, DF)
Nota da Redação - Leia a seção "Erramos".



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