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À PROCURA DE UM ESTADISTA
Neste momento de pânico
nos mercados financeiros, é
de sumo interesse do país que as candidaturas que pleiteiam à sucessão
de Fernando Henrique Cardoso tomem duas atitudes. A primeira é que
cessem de fornecer elementos retóricos que sabidamente contribuem para o nervosismo nesses mercados. A
segunda é que se concentrem na crise -e em seus desastrosos resultados em termos de perspectiva para o
próximo governo- para que respondam a ela com propostas.
Não é difícil ouvir no meio acadêmico e da boca de analistas mais experientes diagnósticos que classificam a presente crise como uma das
mais graves, senão a mais grave, das
últimas décadas. Já não se trata de
abalos na periferia do capitalismo
global, como as que ocorreram entre
1994 e o ano 2000. Agora o abalo se
dá no centro financeiro do planeta:
Wall Street.
Nos Estados Unidos, profissionais
que manejam investimentos em países emergentes já falam abertamente
no calote na dívida externa brasileira.
Em Brasília, nos bastidores do poder, se menciona -furtiva e algo insidiosamente- a hipótese da "alfonsinização" de FHC. O presidente
argentino Raúl Alfonsin, em 1989,
diante de uma agudíssima crise hiperinflacionária foi compelido a antecipar em seis meses o final de seu
mandato e a transmitir o poder mais
cedo a Carlos Menem.
Nesse turbilhão, os candidatos à
sucessão precisam demonstrar compromisso firme não com o governo
FHC, mas com as instituições democráticas e a governabilidade. Chega
da retórica canhestra de apostar na
piora do quadro socioeconômico.
Chega de pronunciar frases ocas que
apenas incendeiam as suscetibilidades dos agentes econômicos.
Para enfrentar os quatro anos difíceis que tem pela frente, o Brasil está
à procura não de um piromaníaco ou
de um autista incapaz de responder
de modo pró-ativo ao momento delicado por que passa a nação. Está à
procura de um estadista.
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