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FERNANDO RODRIGUES
Realidade e marketing
BRASÍLIA - Lula tem uma fita de vídeo em seu gabinete. São cenas suas e
da seleção brasileira de futebol no
Haiti. Há trechos do "Jornal Nacional", da TV Globo. Zagallo está quase chorando. O presidente abraça os
jogadores. É uma festa.
O vídeo é apresentado para visitantes seletos. Lula se refestela com seu
maior ato de marketing internacional desde que assumiu o cargo.
A propaganda agora será reforçada. A economia cresceu 4,2% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2003.
É um resultado expressivo.
Desde o retorno à democracia, em
1985, só em seis anos o PIB cresceu
mais de 4%: 1985 (7,9%); 1986
(7,5%); 1993 (4,9%); 1994 (5,9%);
1995 (4,2%) e 2000 (4,4%).
Nas cidades, o crescimento da economia pode até não ajudar candidatos a prefeito petistas, mas deixará de
atrapalhar. O discurso de estagnação
econômica usado pela oposição terá
de ser, do ponto de vista político-eleitoral, colocado na prateleira.
Não que exista segurança sobre a
capacidade de o país sustentar esse
crescimento. Não há essa certeza. Só
que os políticos estão preocupados
em ganhar a eleição. A população
paga a conta mais adiante.
Há exemplos de como o país está
despreparado para crescer de maneira sustentada. Basta olhar o nível de
informação dos principais assessores
do presidente da República.
Guido Mantega (Planejamento) falou ontem de manhã na TV Globo
-sempre lá- que só a China se
equipara ao Brasil em ritmo de crescimento das exportações. Errado.
As exportações brasileiras estão em
32º lugar em percentual de crescimento no período de 12 meses que
terminou em maio. O Brasil está
atrás de Uruguai, Bolívia e Peru.
Tudo bem. O marketing acima de
tudo. O Haiti ama o Brasil. O crescimento da economia dá para o gasto
eleitoral nas cidades. E Lula está feliz
com seu vídeo futebolístico.
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