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FMI EM REFLUXO
O comportamento cíclico
dos fluxos financeiros internacionais requer uma instituição multilateral e/ou um banco central que
exerça o papel de emprestador de última instância nos momentos de turbulência. Uma abrupta fuga dos investidores pode desencadear graves
crises financeiras e cambiais. Diante
disso, o FMI e o Tesouro americano
forneceram aproximadamente US$
250 bilhões para amortecer os impactos das crises dos países emergentes nos anos 90.
As declarações das autoridades dos
sete países mais ricos do mundo (G-7), reunidas em Washington no último fim de semana, parecem consolidar uma mudança na gestão das crises dos países emergentes, já explicitada nas negociações com a Argentina. O G-7 pretende adotar a política
defendida pelo governo Bush de evitar pacotes de ajuda financeira a nações em crise de balanço de pagamentos. Essa decisão pode agravar a
aversão ao risco dos investidores estrangeiros aos países emergentes.
De acordo com o Banco Internacional de Compensações (BIS), os empréstimos internacionais para os
países em desenvolvimento têm sido
reduzidos desde o terceiro trimestre
de 1997. Isso resultou em uma posição externa credora (empréstimos
menos depósitos) dos países emergentes de US$ 212 bilhões nos bancos internacionais em março de
2002. Os países latino-americanos
detinham uma posição devedora de
US$ 50 bilhões. Não por acaso, esses
países enfrentam restrições de crédito bancário no ano corrente. As perdas desencadeadas pela moratória
da dívida argentina levaram os bancos a adotar atitudes defensivas em
relação aos países emergentes.
O estoque de empréstimos internacionais direcionados ao Brasil somava US$ 95 bilhões; no mercado internacional de bônus, US$ 69,1 bilhões.
Dificuldades para rolar esse estoque
de dívida podem aprofundar as incertezas atuais no sistema financeiro
global, como afirmou o megainvestidor George Soros. Assim, ao contrário da posição do G-7, a elite mundial
deveria dedicar-se à tarefa de criar
mecanismos alternativos para o financiamento emergencial de países
em momentos de elevada aversão ao
risco para reduzir a instabilidade.
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