São Paulo, terça-feira, 01 de outubro de 2002

Próximo Texto | Índice

FMI EM REFLUXO

O comportamento cíclico dos fluxos financeiros internacionais requer uma instituição multilateral e/ou um banco central que exerça o papel de emprestador de última instância nos momentos de turbulência. Uma abrupta fuga dos investidores pode desencadear graves crises financeiras e cambiais. Diante disso, o FMI e o Tesouro americano forneceram aproximadamente US$ 250 bilhões para amortecer os impactos das crises dos países emergentes nos anos 90.
As declarações das autoridades dos sete países mais ricos do mundo (G-7), reunidas em Washington no último fim de semana, parecem consolidar uma mudança na gestão das crises dos países emergentes, já explicitada nas negociações com a Argentina. O G-7 pretende adotar a política defendida pelo governo Bush de evitar pacotes de ajuda financeira a nações em crise de balanço de pagamentos. Essa decisão pode agravar a aversão ao risco dos investidores estrangeiros aos países emergentes.
De acordo com o Banco Internacional de Compensações (BIS), os empréstimos internacionais para os países em desenvolvimento têm sido reduzidos desde o terceiro trimestre de 1997. Isso resultou em uma posição externa credora (empréstimos menos depósitos) dos países emergentes de US$ 212 bilhões nos bancos internacionais em março de 2002. Os países latino-americanos detinham uma posição devedora de US$ 50 bilhões. Não por acaso, esses países enfrentam restrições de crédito bancário no ano corrente. As perdas desencadeadas pela moratória da dívida argentina levaram os bancos a adotar atitudes defensivas em relação aos países emergentes.
O estoque de empréstimos internacionais direcionados ao Brasil somava US$ 95 bilhões; no mercado internacional de bônus, US$ 69,1 bilhões. Dificuldades para rolar esse estoque de dívida podem aprofundar as incertezas atuais no sistema financeiro global, como afirmou o megainvestidor George Soros. Assim, ao contrário da posição do G-7, a elite mundial deveria dedicar-se à tarefa de criar mecanismos alternativos para o financiamento emergencial de países em momentos de elevada aversão ao risco para reduzir a instabilidade.


Próximo Texto: Editoriais: PÂNICO NO RIO
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.