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PÂNICO NO RIO
Só pode ser qualificada como
intolerável a demonstração de
força que bandidos fizeram ontem
ao "determinar" o fechamento do
comércio e a paralisação de serviços
na região metropolitana do Rio de Janeiro. Ao que consta, a ordem para
parar a metrópole partiu da associação criminosa conhecida como Comando Vermelho e seria uma represália ao fato de alguns de seus líderes
que estão presos em um batalhão da
PM não estarem recebendo visitas.
Desta vez, a ação facinorosa não ficou circunscrita a áreas pobres, tendo atingido também bairros como
Ipanema, Botafogo, Copacabana e
Leme, e até outras cidades importantes, como Niterói e São Gonçalo.
Para o governo fluminense, o que
houve foi um movimento orquestrado e com conotações políticas, dada
a proximidade das eleições. Não há
elementos para acreditar que o dito
Comando Vermelho tenha candidato à Presidência ou ao governo do
Rio, mas seria precipitado, por outro
lado, descartar a possibilidade de interesses escusos terem magnificado
o pânico que reinou na cidade para
tentar obter dividendos eleitorais.
É inadmissível que a segunda
maior cidade do Brasil e uma das
maiores do mundo seja paralisada
apenas porque traficantes condenados já não conseguem desfrutar de
regalias na prisão.
O problema da criminalidade
transcendeu há muito a esfera das divisões administrativas. O desafio
lançado pelo tráfico já não é uma
afronta apenas ao governo do Rio,
mas ao próprio poder público, o que
exige uma resposta enérgica de toda
a sociedade brasileira.
Um grupamento social, para manter-se minimamente coeso e gerando
riqueza, precisa ser capaz de organizar-se para ao menos evitar que marginais se assenhoreiem do ritmo da
cidade e definam seu calendário. Nenhuma tarefa é tão básica quanto a
de formar um Estado que não possa
ser continuamente desafiado por criminosos. Infelizmente, é nesse imperativo que se está fracassando.
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