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INCERTEZA PRODUTIVA
A despeito da retomada da atividade produtiva em diferentes
setores, persistem dúvidas sobre a
sua sustentabilidade. De acordo com
Pesquisa de Emprego e Desemprego
da Fundação Seade/Dieese, 50,6%
dos trabalhadores assalariados na
indústria da Região Metropolitana
de São Paulo fizeram hora extra em
agosto, 10% acima do observado em
julho. No mesmo período, a indústria gerou 4.000 vagas, representando um crescimento de apenas 0,3%.
Isso parece indicar que as empresas
intensificaram a utilização das horas
extras (jornadas acima de 44 horas
por semana), para atender a expansão da demanda por seus produtos,
sem contratar novos trabalhadores.
A taxa de desemprego total (inclui
o desemprego aberto e o oculto pelo
trabalho precário e pelo desalento)
recuou de 18,5% em julho para 18,3%
em agosto, segundo a pesquisa Seade/Dieese. Mas ainda permanece em
um patamar extremamente elevado.
A estimativa é que o total de desempregados na Grande São Paulo atinja
1,845 milhão. Após dois meses consecutivos de alta, a renda média do
trabalhador recuou, passando de R$
1.012,00 em junho para R$ 1.008,00
em julho. Como o emprego cresceu,
mas a renda caiu, determinando que
a massa salarial ficasse praticamente
estável, parece sinalizar que mais trabalhadores foram contratados por
salários menores. Isso indica uma
deterioração na qualidade dos empregos gerados (sem carteira assinada ou autônomo).
Esses dados sobre o mercado de
trabalho paulista associados com a
sinalização de aumento da taxa básica de juros reforçam as incertezas
dos setores produtivos. Diante da ausência de perspectivas de crescimento sustentado da economia brasileira, os empresários retraem seus projetos de investimento, não ampliando a capacidade produtiva. Inclusive
porque no passado recente, eles investiram e ficaram com muita capacidade produtiva ociosa, pois a demanda logo retraiu. Com isso, persiste um círculo vicioso, consolidando um baixo dinamismo da atividade
econômica e da geração de emprego.
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