São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2006

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Metas flexíveis

A QUEDA renitente nos preços vai introduzindo a possibilidade de o Banco Central buscar um patamar de inflação na parte inferior das metas oficiais. A autoridade monetária estima em 20% a probabilidade de a variação da inflação em 2006 ficar abaixo de 2,5%, que é o piso da meta.
Na esteira dessa inesperada desinflação, já há quem sugira que o governo reduza o centro da meta de inflação, que foi fixado em 4,5% (com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos) para este ano, bem como para 2007 e 2008.
É uma sugestão apressada. O IPCA -índice que baliza as metas oficiais- camufla riscos. A inflação dos preços livres (definidos no mercado) e a dos bens comercializáveis (associados ao dólar) têm sido ínfimas, dado o baixo nível de atividade econômica e a valorização do real. Mas a variação das tarifas indexadas ainda persiste elevada.
Uma desvalorização cambial ou uma aceleração do mercado interno podem modificar a tendência dos preços. Com a economia ainda sujeita a choques, é imprudente projetar a perpetuação da atual conjuntura.
Necessidade há de aperfeiçoar o regime de metas no sentido de torná-lo mais flexível, e não mais rígido. Caso contrário, o custo para a sociedade brasileira de manter uma inflação inferior a 3% será muito alto, em termos de baixo crescimento da produção, da renda e do emprego.


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