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CONSENSO ABALADO
A gangorra no mercado cambial brasileiro prossegue. Mas
desta vez a guinada rápida foi para
baixo: depois de subir 2,5% no início
da semana, a cotação do dólar teve
anteontem e ontem recuo forte, acumulando queda de mais de 5% em
apenas dois dias. O alívio não ficou
restrito a esse segmento do mercado:
os títulos da dívida externa do setor
público tiveram valorização expressiva; o risco-país caiu bastante e a Bovespa recuperou parte relevante das
perdas que vinha sofrendo.
É certamente prematuro afirmar
que esses sinais de melhora já configuram uma tendência firme. Mas
também seria precipitado descartar
o potencial impacto positivo desse
movimento sobre as expectativas.
Se o alívio recente no mercado financeiro for capaz de reforçar a percepção de que não é isento de risco
apostar contra o real e demais ativos
financeiros brasileiros, será um fato
auspicioso.
Não resta dúvida de que a alta do
dólar não foi alimentada apenas por
movimentos defensivos. No terreno
propício criado pela escassez de dólares, naturalmente despontaram
movimentos especulativos, que exacerbaram a alta do dólar, a desvalorização dos títulos da dívida externa e a
queda na Bolsa. Quem embarcou na
especulação e agora constata o risco
de sofrer prejuízos pode passar a
uma atitude mais cautelosa.
Por sua vez, a posição do Banco
Central pode se tornar um pouco
menos crítica. Enquanto a grande
maioria dos agentes fazia apostas
contra o real, a política econômica tinha poucas chances de sucesso em
suas tentativas de se contrapor à onda negativista. Mas, se o consenso
pessimista começar a se diluir, a eficácia das iniciativas para mitigar a
instabilidade aumentará.
Mas, mesmo que isso ocorra, a situação não deixará de ser delicada. O
principal fator de ameaça ao valor do
real desde o segundo trimestre deste
ano é a retração do crédito externo ao
Brasil. Enquanto a oferta de crédito
externo privado continuar muito retraída, os riscos de deterioração do
quadro econômico permanecerão.
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