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São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2003

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FIM DO VESTIBULINHO

Parece bastante razoável a intenção do Ministério da Educação (MEC) de proibir a realização dos vestibulinhos, isto é, os exames de admissão para crianças que tentam ingressar na 1ª série do ensino fundamental (antigo primário) das escolas mais concorridas.
Com efeito, não faz muito sentido submeter garotos de sete anos a grandes cargas de ansiedade e pressão para tentar avaliar um repertório de conhecimentos que será inexoravelmente arbitrário e, portanto, discutível. É também problemática a frustração a que a criança fica exposta no caso de fracassar. Um insucesso logo no início da vida acadêmica pode acabar influenciando toda a carreira escolar do jovem.
A pergunta que se coloca é como então o governo não acaba também com o vestibular para as universidades. A diferença entre o vestibulinho e o vestibular se limita aos cerca de dez anos que separam o jovem que tenta ingressar na 1ª série do que busca entrar na faculdade. Muitas das objeções teóricas corretamente levantadas contra o vestibulinho valem também para o vestibular, que ainda encerra vários outros problemas, notadamente o fato de os principais exames acabarem se tornando uma espécie de parâmetro curricular nacional pelo qual todas as escolas se pautam sem maior questionamento.
O vestibular é realmente um mal a ser eliminado. Reconhecer esse fato não implica deixar de apontar as suas virtudes, que existem. O vestibular revelou-se um sistema baseado no mérito, transparente e republicano como poucos. É claro que os mais ricos são beneficiados, como o são em quase tudo, por ter a oportunidade de dedicar-se integralmente aos estudos e fazer cursinhos. Mas não se tem notícia de corrupção nos principais exames do país, o que, tratando-se de Brasil, não é pouco.
O vestibulinho pode acabar já, porque está limitado a umas poucas escolas particulares. Pôr um fim ao vestibular, porém, será algo que ainda demandará tempo.


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