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FIM DO VESTIBULINHO
Parece bastante razoável a
intenção do Ministério da Educação (MEC) de proibir a realização
dos vestibulinhos, isto é, os exames
de admissão para crianças que tentam ingressar na 1ª série do ensino
fundamental (antigo primário) das
escolas mais concorridas.
Com efeito, não faz muito sentido
submeter garotos de sete anos a
grandes cargas de ansiedade e pressão para tentar avaliar um repertório
de conhecimentos que será inexoravelmente arbitrário e, portanto, discutível. É também problemática a
frustração a que a criança fica exposta no caso de fracassar. Um insucesso logo no início da vida acadêmica
pode acabar influenciando toda a
carreira escolar do jovem.
A pergunta que se coloca é como
então o governo não acaba também
com o vestibular para as universidades. A diferença entre o vestibulinho
e o vestibular se limita aos cerca de
dez anos que separam o jovem que
tenta ingressar na 1ª série do que busca entrar na faculdade. Muitas das
objeções teóricas corretamente levantadas contra o vestibulinho valem
também para o vestibular, que ainda
encerra vários outros problemas, notadamente o fato de os principais
exames acabarem se tornando uma
espécie de parâmetro curricular nacional pelo qual todas as escolas se
pautam sem maior questionamento.
O vestibular é realmente um mal a
ser eliminado. Reconhecer esse fato
não implica deixar de apontar as
suas virtudes, que existem. O vestibular revelou-se um sistema baseado
no mérito, transparente e republicano como poucos. É claro que os mais
ricos são beneficiados, como o são
em quase tudo, por ter a oportunidade de dedicar-se integralmente aos
estudos e fazer cursinhos. Mas não
se tem notícia de corrupção nos principais exames do país, o que, tratando-se de Brasil, não é pouco.
O vestibulinho pode acabar já, porque está limitado a umas poucas escolas particulares. Pôr um fim ao vestibular, porém, será algo que ainda
demandará tempo.
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