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FERNANDO RODRIGUES
Eleição imprevisível
WASHINGTON - Prever resultado de campanhas eleitorais é arte
traiçoeira. Essa tentação deve ser
evitada, sobretudo em uma disputa
tão complexa e aberta como a norte-americana. Há inúmeros elementos à disposição apontando em
sentidos opostos.
O cenário de superfície mostra
uma onda a favor do democrata Barack Obama. Por essa lógica, o republicano John McCain estaria marcado para uma derrota sem precedentes na terça-feira.
Só 25% aprovam o governo de
George W. Bush, republicano como
McCain. A Guerra no Iraque continua um pântano para a Casa Branca. A crise internacional empurra a
economia para um buraco sombrio
como não se via em décadas.
Quando McCain olha do outro lado do muro, poderia começar a chorar. Obama já gastou US$ 270 milhões em comerciais contra apenas
US$ 125 milhões do republicano.
Quem anda nas ruas das grandes cidades percebe fácil: o entusiasmo
está do lado do democrata.
Mas eis um fato curioso. As pesquisas não mostram um massacre
pró-Obama. Sobretudo porque, por
algum motivo obscuro, as margens
de erro nos EUA são generosas. Em
levantamentos estaduais é comum
haver margens de três a quatro
pontos percentuais. Assim, estar
cinco ou seis pontos à frente não garante muita coisa.
Os indecisos, perto de 8%, são um
enigma à parte. A maioria é composta por gente mais velha, de classe média baixa, muitos na zona rural. A América profunda. Não têm o
perfil pró-Obama. Seriam, argumentam os republicanos, os envergonhados dispostos a votar no candidato branco na última hora.
Tudo somado, Obama de fato parece estar à frente. Mas não há ainda como assegurar que já tenha encaçapado a vitória. Só saberemos na
terça-feira à noite -ou depois, dado
o histórico de lentidão na apuração
dos votos por aqui.
frodriguesbsb@uol.com.br
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