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PAINEL DO LEITOR
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Crise
"Caso o BNDES socorra as empresas que apostaram no câmbio, os
administradores destas deveriam
ser substituídos e punidos exemplarmente.
Não se pode incentivar ou premiar irresponsáveis, transferindo
os prejuízos para a sociedade como
um todo. Ademais, é preciso lembrar que os lucros são sempre privados.
Neste momento, o governo precisa investir em infra-estrutura, saneamento básico, saúde e educação,
incentivar o desenvolvimento de
tecnologia coerente com nossas potencialidades e vantagens competitivas e promover um debate em toda sociedade sobre um projeto de
nação, ou seja, projeto ou metas de
longo prazo.
O que queremos ser no futuro
Um país medíocre?"
MARCUS VINICIUS VERNUCCI DE ALVARENGA CAMPOS (São José do Rio Preto, SP)
Tortura
"É uma aberração jurídica o parecer e afrontosa à cidadania a posição da Advocacia Geral da União,
por meio de seu ministro-chefe, José Antonio Dias Toffoli, de defender
o ex-coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, apontado pelo Ministério Público Federal como torturador no período em que dirigiu o
DOI-Codi ("Tarso volta a questionar AGU e cobra punição a torturador", Brasil, ontem).
Essa posição contraria todos os
tratados e manifestações das comissões internacionais de direitos
humanos. Tortura é um crime imprescritível.
Solidarizo-me com o pedido do
ministro da Secretaria Especial de
Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, de reconsideração da decisão
da Advocacia Geral da União de defender o ex-coronel.
O governo deve esclarecimentos
às famílias dos mortos."
RUBENS NAVES, conselheiro fundador da Transparência Brasil (São Paulo, SP)
Financiamento
"A notícia de que o governo federal acertou com o BB e a CEF a criação de uma linha de crédito imobiliário exclusiva para servidores públicos federais ("Governo cria linha
de crédito imobiliário para servidores", Dinheiro, ontem), que terá juros "mais baixos que os praticados
no mercado", suscita uma forte indignação e, pelo menos, duas pertinentes indagações.
A primeira: com que direito a
União, por meio dessas suas empresas, planeja beneficiar o seu
funcionalismo, discriminando todos os demais brasileiros? A segunda: será essa uma medida de fato
voltada ao enfrentamento de eventual retração do mercado imobiliário ou, oportunisticamente, destinada a elevar o cacife eleitoral do
atual ocupante do Planalto quando
de sua sucessão em 2010?"
RENATO CIORLIA FILHO (São Paulo, SP)
Monarquia
"Uma vez mais me alegro pela
monarquia ter sido abolida definitivamente do país e pelo movimento
monarquista ser total e absolutamente débil.
Dom Bertrand de Orleans e Bragança, a cada vez que fala, me enche
de alegria, pois afasta cada vez mais
o Brasil de qualquer opção monarquista com seu conservadorismo
ultrapassado e sua péssima análise
de quem não consegue enxergar
além dos auditórios de conferência
da TFP ("Dilemas do antiamericanismo", ontem).
Se Obama é uma propaganda, então imagino cá com meus botões o
que foi a Guerra do Iraque, no Afeganistão e toda a "Guerra contra o
Terror". O "certo tipo" de EUA defendido por dom Bertrand é, ao que
parece, aquele sulista, ignorante e
criacionista.
Felizmente não é isso o que queremos para o Brasil e, creio, nem
para a maior potência mundial. Não
se trata de mudar de um antiamericanismo para um "pró-americanismo", e sim de esperar que o mundo
não seja mais violentado como foi
sob o regime Bush."
RAPHAEL GARCIA (São Paulo, SP)
Beijo gay
"Ao contrário do que foi publicado na carta "Beijo gay na USP", ontem nesta seção, não acho que demonstrações públicas de afeto entre gays sejam ridículas.
O amor deve ser vivido e celebrado, e não ficar trancado no fundo de
um armário.
Ridícula é a opinião de homossexuais mal resolvidos que, por ignorância ou medo, aceitam o discurso
homofóbico da segregação."
ALEX FABIANO NOGUEIRA (São Paulo, SP)
"Nunca havia deparado com uma
carta de leitor que tivesse me causado tanta indignação e tristeza como
a do estudante de direito Júnior
Araújo, publicada ontem. Assim como ele, sou gay e universitário.
Demonstrar afeto em público é
algo a que nós, homossexuais, temos direito. Ele afirma que é mais
contrário a um beijo gay em público
do que a uma agressão física. Que
belo advogado ou juiz ele será, defendendo que um crime previsto
em lei (a agressão) é pior do que um
simples beijo.
O leitor sugere que se espere até
que um dia os héteros tenham piedade de nós e passem a nos respeitar. Mas a história nos ensina que as
conquistas civis só são alcançadas
com muita dor e suor. Se ele tem inveja de quem tem coragem, que se
cale, em vez de ter o descaramento
de dizer que o beijo que eu dou no
meu namorado na rua é mais errado do que a homofobia sanguinária
deste país."
TIAGO DA SILVA FERREIRA (Paulínia, SP)
"Aceitar as diferenças não é igual
para todos. Alguns aceitam-nas facilmente; para outros é mais complicado.
Indo devagar, mostrando-se de
maneira educada, todos vão ocupando o seu espaço naturalmente.
Um casal hétero se beijando e se
agarrando em um lugar público já
causa um certo constrangimento.
Um casal gay, com certeza, irá causar mais ainda.
O amor é lindo, mas certas práticas pedem um lugar adequado."
CRISTINA REGGIANI (Santana de Parnaíba, SP)
Polícia
"Repudiamos as declarações do
coronel José Vicente da Silva Filho
("Painel do Leitor" de ontem).
A Polícia Civil de São Paulo, humilhada há anos e não ouvida, de
forma cívica e legal chegou à greve.
Foram feitas muitas passeatas,
sempre pacíficas. Reivindicações
classistas despertam na sociedade o
debate, como o que acontece agora.
Segurança pública não pode ser
mais discutida apenas por sociólogos e teóricos.
A Polícia Judiciária, sem verba
própria, não pode ter outro hollerith, exercer a profissão fora da instituição nem ser vinculada ao militarismo. Tem atribuições próprias e
diferentes.
Desordem e desrespeito à população é invadir cativeiro, com hora
marcada e transmissão ao vivo, levando à vítima a morte."
MARCOS ANTONIO GAMA, secretário-geral da Associação dos Delegados de Polícia do Estado
(São Paulo, SP)
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