São Paulo, quinta-feira, 02 de janeiro de 2003

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INFLAÇÃO FUTURA

O Banco Central divulgou novo Relatório de Inflação, em que procura avaliar o desempenho do regime de metas inflacionárias, delinear um cenário prospectivo para o comportamento dos preços e orientar a condução da política monetária.
Estimou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode atingir 9,5% em 2003 e 4,5% em 2004. A taxa de inflação ainda seria relativamente elevada no próximo ano devido à inércia dos aumentos de preços registrado no quarto trimestre de 2002 e aos impactos da depreciação cambial sobre os reajustes de preços administrados em 2003.
Se essa projeção for confirmada, haveria o estouro da meta de inflação estabelecida pelo governo, pelo terceiro ano consecutivo, a despeito de três movimentos de alta nas taxas de juros desde outubro. Em 2001, o IPCA fechou o ano em 7,67%, a meta de inflação tinha como limite superior 6%. Para 2002, o BC está projetando o IPCA em 12,4%. A meta inicial para o índice de preços ao consumidor era de 3,5%, com possibilidade de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo. Para 2003, a meta de inflação foi estabelecida em 4%, com intervalo de tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Isso resultaria em um teto máximo de 6,5% para o IPCA.
As novas projeções do BC parecem mais realistas, uma vez que os diferentes agentes econômicos estimam o índice de preços ao consumidor em torno de 11%, para o ano de 2003. Essas projeções deveriam servir de base para a definição das metas de inflação, bem como para calibrar a política monetária. Metas irrealistas foram parâmetros relevantes para a elevação da taxa de juro. Todavia, deve-se reconhecer que a economia brasileira enfrentou um choque de preço, desencadeado pela desvalorização cambial e, consequentemente, alguns reajustes de preços tornaram-se inevitáveis. A adoção de metas de inflação críveis e realistas permitiria maior flexibilidade para a política monetária, com menos ônus para a arrecadação fiscal, o nível de atividade econômica e o emprego.


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