São Paulo, quinta-feira, 02 de janeiro de 2003

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JUROS DO FMI

A Comissão Conjunta de Economia do Congresso dos EUA divulgou novo estudo -"O subsídio nos empréstimos do FMI". O documento cobrou do Fundo Monetário Internacional o descumprimento de recomendação de uma lei aprovada em 1998. Essa lei determinava que o FMI aumentasse as taxas de juros cobradas nos seus empréstimos, tornando-as compatíveis com as exigidas pelas instituições privadas.
De acordo com o estudo, a taxa de juro média cobrada pelo FMI (em torno de 2,62% ao ano) estaria abaixo de uma taxa ajustada ao risco real da maioria dos países tomadores de recursos. Até mesmo a taxa cobrada no Suplemental Reserve Facility (SRF), a linha mais cara do FMI, seria inferior aos juros cobrados pelos bancos privados. Sugeriu, então, que o FMI cobrasse taxas de juros que refletissem a média das taxas de mercado vigentes na véspera das crises de balanço de pagamentos.
Numa conjuntura internacional em que predomina a aversão ao risco, refletida na queda dos fluxos de capitais aos países emergentes, discussões como essa parecem "fora de lugar". Alguns congressistas americanos aparentemente não compreenderam o papel do Fundo na gestão temporária de crises de balanço de pagamento. Nesses momentos, as economias ficam sujeitas a episódios de pânico e fuga dos investidores, e torna-se importante a atuação de um emprestador de última instância. Parecem desconsiderar também o papel desempenhado pelo FMI na manutenção da ordem financeira internacional sob o comando dos EUA. Os EUA são o maior acionista do Fundo -a cota americana representa 17,47% do capital total, o equivalente a US$ 50 bilhões- e influenciam as suas decisões. Até condicionam as negociações dos programas de ajuste dos países devedores a fim de garantir a solvência do sistema internacional. É inegável o papel preponderante dos EUA no FMI, mas os congressistas americanos exageram ao pretender legislar sobre o Fundo, que, afinal, é uma organização multilateral.


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