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Mais um ano morno
O Brasil ruma para seu 12º ano de crescimento abaixo da média global; desde 96, não cresce nem metade do ritmo mundial
MAIS UM ano de crescimento tímido, inflação sob controle,
juros em queda e
cotação do dólar quase estagnada. É o que esperam para a economia brasileira em 2007 os
analistas de bancos e consultorias cujas projeções são compiladas pelo Banco Central.
Sabe-se que a maioria dos especialistas trabalha com a hipótese de que 2007 será mais um
ano benigno na economia global.
Deverão prevalecer a forte expansão do comércio, a manutenção do preço das commodities
em patamares elevados e a farta
disponibilidade de capitais para
as economias ditas emergentes.
Supõe-se que a desaceleração
da atividade ora em curso nos
EUA -liderada pelo arrefecimento no mercado de construções residenciais- não evoluirá
para uma recessão, o que tenderia a abalar o ciclo de bonança
iniciado em 2003. No quadriênio
que se encerrou no domingo, o
PIB mundial cresceu a um ritmo
médio muito próximo aos 4,9%
que o FMI projeta para 2007.
Os ralos 3,5% de crescimento
esperados para a economia brasileira neste ano, se não forem
mais uma vez desmentidos pela
realidade, não estarão relacionados a dificuldades externas. Caso
as estimativas se confirmem,
2007 terá sido o 12º ano seguido
em que a produção no Brasil terá
crescido menos que a média
mundial. Desde 1996 a expansão
do PIB brasileiro nem sequer
consegue superar a metade do
ritmo global.
O grau de conformismo que se
percebe em relação a um desempenho tão pífio preocupa. É sintoma de um marcante rebaixamento de expectativas em relação ao país -em particular da
sua capacidade de gerar empregos, propiciar elevação do padrão de vida da população e evoluir para uma distribuição menos iníqua de sua renda.
Diversas análises têm convergido, por caminhos variados, à
constatação de que parcela das
dificuldades para a aceleração do
crescimento brasileiro decorre
da evolução do câmbio. Em
2006, em particular, estima-se
que a aceleração das importações e a perda de ímpeto das exportações tenham reduzido a taxa de crescimento do PIB em
mais de um ponto percentual.
Outro gargalo diz respeito à renitente fragilidade financeira do
setor público. A despeito de impor uma carga tributária muito
alta às empresas e aos consumidores, o Estado ainda se mostra
incapaz de investir e de fornecer
estímulos ao investimento privado de modo suficiente.
É exasperante observar que o
segundo mandato de Lula começa agora sem nenhuma proposta
capaz de tirar o país da rota do
crescimento medíocre.
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