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MELCHIADES FILHO
Ciro e a magia de Oz
BRASÍLIA - Ciro Gomes manteve
a pré-candidatura à Presidência à
revelia de Lula, que quer transplantá-lo para a eleição de São Paulo.
Agora, se ficar na campanha nacional, será justamente para atender o
interesse do Planalto.
O nome mais conhecido do PSB
desidrata a cada pesquisa. Em agosto, tinha mais de 20% no Datafolha,
sempre à frente de Dilma Rousseff
nos principais cenários. Agora, final de 2009, não alcança 15%. Foi ultrapassado pela petista.
Ainda que em declínio, porém, o
desempenho do deputado cearense
poderá ser útil ao governo. Tudo
por causa de outra notícia do Datafolha. José Serra não caiu de 37%.
Dilma até aqui cresceu sem tirar votos de seu principal oponente. O QG lulista prefere liquidar a eleição rápido, daí o esforço para escantear Ciro. Mas parece haver um
risco, pequeno, porém real, caso o
ex-ministro desista e Serra se segure na vizinhança dos 40%: o de vitória tucana no primeiro turno.
Os 10% de Ciro serviriam para garantir o segundo turno e dar a Dilma mais tempo para adquirir musculatura e encarar o plebiscito com o governador paulista.
Além disso, o cearense desempenharia um papel importante na
propaganda na TV. O PT não quer
que Dilma enlameie as mãos. Sabe
que o brasileiro não gosta de quem
ataca o adversário abaixo da linha da cintura. Além disso, conhece as limitações de sua candidata.
Dilma é o Homem-Lata da história do Mágico de Oz: uma candidata
à procura de um coração. Se parecer feroz ao eleitor, o roteiro traçado pelos marqueteiros se desfaz.
Ciro, por sua vez, tem vocação e
toda "legitimidade" para distribuir
pancadas. Afinal, atormentar Serra é (quase só) o que tem feito.
Candidato postiço em São Paulo
ou "laranja" da corrida nacional,
curiosamente pode sobrar para Ciro, um político temperamental e
acostumado a ditar os próprios rumos, o papel do cãozinho Totó de
Dorothy, quer dizer, Lula.
melchiades.filho@grupofolha.com.br
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