|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VAGUINALDO MARINHEIRO
Um ano bom?
SÃO PAULO - Políticos tendem a
viver num mundo paralelo, no qual
os problemas são sempre responsabilidade dos outros.
Além disso, a maioria crê na existência de um complô geral que impede o reconhecimento de tudo o
que foi realizado com "tanto sacrifício pelos injustamente criticados
administradores".
Só levando isso em conta para entender a entrevista do prefeito Gilberto Kassab publicada na quarta-feira no caderno Cotidiano. Para
Kassab, 2009 foi um ano bom para
a cidade e para sua administração!
Entre outras coisas, Kassab disse que "nunca foi investido tanto em drenagem quanto na nossa gestão".
Será, então, que os moradores do
Jardim Pantanal, que ficaram dias
com água podre dentro de casa, estão sendo ingratos quanto criticam
o governo municipal? E aqueles
que tiveram carros revirados nas
ruas alagadas por causa de galerias
e bueiros sujos? A indignação deles só ocorre porque não compreendem as prioridades da prefeitura?
Um mínimo de autocrítica, senhor prefeito, é essencial para
membros do Executivo. Sem isso,
não há como melhorar. Não há como corresponder às expectativas dos cidadãos.
Veja que a imagem de um ano bom não encontra eco na opinião desses cidadãos.
Em novembro do ano passado, a
maioria dos paulistanos (56%) julgava a gestão Kassab como ótima
ou boa. Já na última pesquisa Datafolha, feita entre 14 e 18 de dezembro, esse índice caiu para 39%.
Mais: 13% deram nota zero para a administração municipal.
Como Kassab abriu a caixa de
maldades para este ano (IPTU com
aumento de 40%, reajuste na tarifa
dos ônibus acima da inflação a partir de segunda-feira, taxa de inspeção veicular ainda mais cara e sem
devolução), o mais provável é que
essa avaliação fique ainda pior na
vida real. Já no mundo paralelo...
vmarinheiro@uol.com.br
Texto Anterior: Editoriais: A vez do "pré-basalto"
Próximo Texto: Brasília - Melchiades Filho: Ciro e a magia de Oz Índice
|