São Paulo, sexta-feira, 02 de fevereiro de 2001 |
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ELIANE CANTANHÊDE Do PSTU ao PCO BRASÍLIA - Na frenética disputa pe los decisivos 56 votos do PT para a presidência da Câmara, vale tudo. Até o inimaginável. O mínimo que se ironizava ontem no Congresso é que Aécio Neves, do PSDB, partido de FHC, estaria mudando para o PSTU, aquele partideco incendiário que anda por aí. E que Inocêncio Oliveira, do hiper-governista PFL, já teria assinado ficha no PCO, um tal de Partido da Causa Operária, à esquerda da esquerda, pau a pau com o PSTU. Injustiça com Inocêncio. Nessa corrida desenfreada para se mostrar independente, distante do governo e com uma certa ojeriza a FHC, Inocêncio ganha de longe de Aécio. Os petistas ouviram Aécio pela manhã e Inocêncio à tarde. O tucano foi sozinho, sóbrio, manteve aquela pose recente de "não sou mais colegial" e fez o discurso institucional. Mais ou menos assim: "Se eu ganhar, quem manda aqui na Câmara sou eu. Ou melhor, somos nós. O FHC que se recolha à insignificância do Planalto". Já o pefelista deu um show, em vários sentidos. Levou claque, fez trejeitos, contou piadas, declarou-se místico, falou até de cartomantes, nativas e estrangeiras, que previram sua vitória. Mais oposicionista, impossível. No embalo, prometeu "desengavetar todas as CPIs" e "fazer todo o possível para instalar a CPI das privatizações". Ufa! FHC que se cuide! Teve muito petista se remexendo na cadeira, olhando para os lados, intimamente refletindo: "Espelho, espelho meu, diga-me agora quem é mais oposição, Inocêncio ou eu?" Evidentemente, Inocêncio foi um sucesso de público, mas Aécio continua sendo um candidato melhor para a crítica. Ou seja: os petistas adoraram ouvir o "neotom" oposicionista do líder do PFL, mas provavelmente preferem o tom menos passional e mais realista de Aécio Neves. Por via das dúvidas, entretanto, preferiram o caminho da cautela: ganhar tempo. Por enquanto, nem um, nem outro. O ideal é que ambos continuem disputando quem é menos governo que o outro. E porquê. Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: A grande guerra de Genebra Próximo Texto: Rio de Janeiro - Gabriela Wolthers: Omissão Índice |
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