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NELSON MOTTA
Palpite infeliz
RIO DE JANEIRO - Se um mensaleiro, um sanguessuga, um aloprado
ou um Zé Dirceu dizem que o Legislativo foi desmoralizado e destruído pela grande mídia dominada pelas elites econômicas, é compreensível, eles querem salvar a pele, defender sua boquinha, têm o direito
de espernear. Mas, claro, ninguém
acredita neles -nem eles mesmos.
Mas, se o provável futuro ministro da Justiça Tarso Genro, homem
honesto, que não está ameaçado
por nenhuma acusação, é quem está dizendo -e acreditando-, certamente vamos ter muitas saudades
de Márcio Thomaz Bastos e de sua
Polícia Federal republicana.
Se o comandante-em-chefe do
aparelho judicial e das forças de segurança pública desconfia de que as
ladroagens e os escândalos que levaram aos tribunais um terço da
Câmara são fruto de insidiosa campanha da grande mídia em defesa
de interesses inconfessáveis, como
diz o provável futuro ex-ministro
Waldir Pires, só nos resta rezar.
Se essa grande mídia foi capaz de
tal torpeza, então deve passar a ser
o foco da investigação sobre o abominável crime de lesa-pátria que é
desmoralizar e destruir o Poder Legislativo.
As perguntas não são mais quem
pagava, quem recebia, quem mandava e quem sabia, mas por que a
grande mídia escolheu essa legislatura, logo essa, como alvo de sua
conspiração antipatriótica? Para
atingir Lula? Para acabar com o
Partido dos Trabalhadores? Isso
tem de ser investigado a fundo.
O procurador-geral da República
deve estar em pânico, temendo ser
arrolado como cúmplice na conspiração, por ter denunciado dezenas
de parlamentares ao Supremo Tribunal Federal.
A melhor hipótese é que o provável futuro ministro, para tentar garantir a vaga, tenha falado só para
agradar Lula. A pior é que a Justiça
seja mesmo cega.
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