|
Próximo Texto | Índice
CONVERSA COM O FMI
Enfim, o governo brasileiro e o
Fundo Monetário Internacional
(FMI) parecem estar caminhando
para uma renegociação com vistas a
permitir a melhoria da capacidade de
investimento do Estado. Datam do
governo Fernando Henrique Cardoso as gestões para convencer o FMI a
permitir que determinados investimentos públicos, especialmente em
infra-estrutura, não fossem computados no cálculo do superávit das
contas públicas. Desde 1998, os acordos firmados com a instituição prevêem rígidas e crescentes metas para
esses saldos, com o intuito de assegurar a geração de recursos para pagar os juros da dívida pública.
Empenhado em conquistar credibilidade, o governo petista, no ano
passado, comprometeu-se com um
superávit acima do formalmente
acertado com o FMI. O acordo em vigor previa 3,75% do PIB, mas a nova
equipe econômica decidiu elevar a
meta para 4,25%. Ela foi cumprida e,
a seguir, adotada oficialmente na recente renovação do contrato.
Números fornecidos pelo governo
no final de janeiro mostram que
União, Estados, municípios e estatais desembolsaram no ano passado
R$ 145,2 bilhões para quitar compromissos da dívida pública. Isso equivale a 9,5% do PIB. O valor é o mais
alto registrado desde 1991. É igualmente elevado quando comparado
ao que é gasto por outros países
emergentes, como o México, por
exemplo, cujas despesas com juros
representam 3% do PIB. Os governos de China e Cingapura despendem, cada um, o equivalente a 1%.
Os dados recém-divulgados sobre
a execução do Orçamento de 2003
não deixam dúvidas sobre quão esquálidos foram os investimentos públicos em áreas fundamentais como
habitação, segurança e infra-estrutura. Impressiona o fato de que 62% do
que foi efetivamente gasto tenha sido
absorvido pelos juros e amortizações
da dívida pública.
Embora a adoção de critérios mais
flexíveis para calcular os superávits
represente um alívio, o grande desafio para sair desse quadro é o país encontrar uma trajetória vigorosa e sustentada de crescimento com sensível
redução da taxa de juros.
Próximo Texto: Editoriais: PRESSÕES DA INDÚSTRIA Índice
|