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PRESSÕES DA INDÚSTRIA
A maioria dos setores industriais, segundo dados disponíveis, opera com capacidade produtiva ociosa, podendo, em tese, atender
a um aumento de demanda sem gerar pressões inflacionárias. Estimativas com base em dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ) mostram que apenas
um setor -papel e celulose- estaria trabalhando praticamente no limite (91,3%) da capacidade. Outros
dois segmentos -metalurgia (que
inclui a produção de aço) e mecânica
(bens de capital, motores e máquinas agrícolas) estariam se aproximando desse patamar, mas a maior
parte da indústria produziu no último trimestre de 2003 bastante abaixo
do auge atingido em janeiro de 2001.
A queda na renda, o desemprego e
as elevadas taxas de juros retraíram a
demanda por bens não-duráveis e semiduráveis. A produção da indústria
de vestuário e calçados, por exemplo,
foi 24,2% menor do que a verificada
em janeiro de 2001. A de produtos
farmacêuticos caiu cerca de 35%.
De um modo geral, a existência de
capacidade produtiva não-utilizada
se refletiu no comportamento dos
preços, embora nem sempre de maneira uniforme. Entre setembro de
2003 e fevereiro de 2004, muitos setores com ociosidade aumentaram a
produção sem pressionar a inflação,
mas outros, na mesma situação,
conseguiram elevar seus preços.
Houve tentativa, naturalmente, de
recuperação de margens de lucro
num cenário que prenunciava uma
retomada, ainda que tímida, da atividade econômica. Os principais reajustes, no entanto, como previsível,
ocorreram nos ramos com maior
grau de utilização da capacidade, como metalurgia e mecânica. Também
influenciaram nos repasses as elevações na cotação de matérias-primas.
Esses movimentos, que geraram
apreensões no Banco Central, certamente devem ser monitorados, mas
nada indica que constituam um risco
de generalização de um processo inflacionário.
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