São Paulo, terça-feira, 02 de março de 2004

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PRESSÕES DA INDÚSTRIA

A maioria dos setores industriais, segundo dados disponíveis, opera com capacidade produtiva ociosa, podendo, em tese, atender a um aumento de demanda sem gerar pressões inflacionárias. Estimativas com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ) mostram que apenas um setor -papel e celulose- estaria trabalhando praticamente no limite (91,3%) da capacidade. Outros dois segmentos -metalurgia (que inclui a produção de aço) e mecânica (bens de capital, motores e máquinas agrícolas) estariam se aproximando desse patamar, mas a maior parte da indústria produziu no último trimestre de 2003 bastante abaixo do auge atingido em janeiro de 2001.
A queda na renda, o desemprego e as elevadas taxas de juros retraíram a demanda por bens não-duráveis e semiduráveis. A produção da indústria de vestuário e calçados, por exemplo, foi 24,2% menor do que a verificada em janeiro de 2001. A de produtos farmacêuticos caiu cerca de 35%.
De um modo geral, a existência de capacidade produtiva não-utilizada se refletiu no comportamento dos preços, embora nem sempre de maneira uniforme. Entre setembro de 2003 e fevereiro de 2004, muitos setores com ociosidade aumentaram a produção sem pressionar a inflação, mas outros, na mesma situação, conseguiram elevar seus preços.
Houve tentativa, naturalmente, de recuperação de margens de lucro num cenário que prenunciava uma retomada, ainda que tímida, da atividade econômica. Os principais reajustes, no entanto, como previsível, ocorreram nos ramos com maior grau de utilização da capacidade, como metalurgia e mecânica. Também influenciaram nos repasses as elevações na cotação de matérias-primas.
Esses movimentos, que geraram apreensões no Banco Central, certamente devem ser monitorados, mas nada indica que constituam um risco de generalização de um processo inflacionário.


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