São Paulo, Terça-feira, 02 de Março de 1999
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CHUVA, COLAPSO E OMISSÃO

Uma nova e forte chuva provocou virtual colapso da cidade de São Paulo, dessa vez agravado pela ação de assaltantes que promoveram um "arrastão" (sequência de assaltos), em plena região central e à luz do dia.
Por mais que as constantes inundações devam ser atribuídas à absoluta falta de planejamento urbano que marca a história da cidade, o fato é que explicações técnicas e a atribuição de culpa aos erros do passado não impedem que a população tenha a sensação de estar completamente abandonada pelos poderes públicos.
Se a chuva de ontem foi excepcional, igualmente excepcional deveria ter sido a ação das autoridades, o que implicaria a mobilização de todos os recursos disponíveis para atenuar ao máximo os seus desastrosos efeitos.
O que se viu porém, como de resto tem sido a regra em enchentes anteriores, foi exatamente o inverso: a escassa presença dos agentes do poder público, seja para reorientar o tráfego, desviando-o antes que motoristas desavisados caíssem na verdadeira armadilha em que se transformou o trânsito, seja para prestar socorro às vítimas dessa armadilha.
Era inevitável, nesse cenário, que a população se sentisse totalmente abandonada ante a omissão do poder público, seja do Estado, seja da prefeitura. Se é óbvio que nem a prefeitura nem o Estado têm poderes para impedir a chuva, também é verdade que não demonstraram, em momento algum, capacidade ou ao menos vontade de atuar rápida e decididamente para atenuar o colapso e seus efeitos trágicos nesta que é a maior cidade do país.
Como a meteorologia prevê chuva pelo menos até sexta-feira, receia-se que o paulistano esteja condenado a ficar, nos próximos dias, trancado em casa -desde que não more em zona sujeita a inundações.


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